A Indy 500 é uma das maiores e mais tradicionais corridas do mundo. Em sua 104ª edição, apresenta tendências que são facilmente identificadas. Uma delas é que, por mais que sejam 500 milhas e 200 voltas, a posição de largada faz, sim, diferença na hora de decidir o vencedor: 44 das 103 provas foram para a conta de alguém que partiu da primeira fila. E só três ficaram com alguém que largou das três últimas filas.
A estatística, assim, é ótima para Marco Andretti, Scott Dixon e Takuma Sato, o top-3 da definição do grid. No caso de Marco, porém, dois jejuns interessantes pela frente, por mais que os poles tenham vencido em 21 oportunidades: o primeiro e mais conhecido, é claro, os 51 anos sem vitória da família Andretti nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas, além disso, o americano parte para sua 15ª tentativa na Indy 500 e, até hoje, quem mais demorou a triunfar no Bricyard foi Sam Hanks, que o fez na 13ª chance.
Dixon e Sato não encaram nenhum grande tabu e saem de posições que já venceram no IMS em 11 e 12 oportunidades, respectivamente. A única sequência que a dupla tem para quebrar é a de anos com vencedores inéditos: são 4, com Juan Pablo Montoya tendo sido o último a repetir a dose, em 2015.
As estatísticas de vitórias por posição do grid não são nada animadoras para Tony Kanaan (23º), Fernando Alonso (26º) e Helio Castroneves (28º). Em toda a história das 500 Milhas de Indianápolis, apenas quatro vezes alguém atrás da 22ª colocação triunfou. Só que aí entra a parte animadora para Alonso: a última vez que isso ocorreu foi em 1974, quando Johnny Rutherford conseguiu o feito justamente com a McLaren.
Para o resto do trio da McLaren, Oliver Askew (21º) e Pato O’Ward (15º), a história não é assim tão amigável. É que ambos são novatos e, até hoje, só 10 foram os pilotos que conseguiram triunfar na estreia no Brickyard. O último deles foi Alexander Rossi, na histórica edição 100 com a ajuda providencial de Bryan Herta na estratégia e no consumo de combustível. Aliás, Pato ainda tem outro pequeno tabu: foi o líder do Carb Day e, desde 2012, quem fecha a sexta-feira na frente não consegue repetir a dose no domingo, o último foi Dario Franchitti.
Ainda falando de novatos, Rinus VeeKay (4º) é o caçula da turma. O holandês, que completa 20 anos em setembro, é um dos mais jovens da história da Indy 500. O recordista é AJ Foyt IV, que disputou a prova em 2003 dias após completar 19 anos. Se Rinus vencer, se transforma no mais novo detentor de um anel do Brickyard, posto que Troy Ruttman ocupa por ter triunfado aos 22 anos e 80 dias em 1952.
Fora os EUA, é claro, quem mais vezes venceu foi o Reino Unido, em oito oportunidades. Boa notícia para Jack Harvey (20º), enquanto Max Chilton e Ben Hanley sonham com um milagre e a quebra da escrita: ambos largam de posições que jamais tiveram triunfos em Indianápolis, 30º e 33º. Logo depois vem o Brasil, com sete triunfos, sendo quatro da dupla Castroneves e Kanaan: três vitórias para um, uma para o outro, respectivamente.
Sobre Helio, há algumas marcas no horizonte do veterano brasileiro. O piloto da Penske tenta igualar AJ Foyt, Rick Mears e Al Unser Sr. na lista dos maiores de todos os tempos de Indianápolis com quatro triunfos. Ainda, tenta tirar de Unser o maior intervalo de tempo entre a primeira e a última vitória: 1970-1987 para o americano, enquanto o paulista teve a primeira vez no Brickyard em 2001. Se a posição de largada não é boa, a seu favor conta o fato do número #3 ser o da sorte na Indy 500: 11 vitórias.
Enquanto isso, Kanaan vai em busca da segunda conquista em Indianápolis embalado pelo recorde de edições com ao menos uma volta na liderança: nada menos que 14 em 18 tentativas. Tony vinha de dois anos seguidos liderando o Carb Day, algo que não aconteceu em 2020. Sinais?
Por fim, Simon Pagenaud. Em posição nada favorável no grid (25º), o francês ainda tenta quebrar uma escrita duradoura: desde Castroneves, em 2002, que ninguém leva duas Indy 500 consecutivas. E, em toda a história, só outros quatro conseguiram tal façanha. Uma missão duríssima para o francês.