VEREADOR DE TRÊS LAGOAS (MS) NÃO QUER EMPRESAS EMPREGANDO PAULISTAS

Terça, 09 Abril 2019 00:40

TRÊS LAGOAS (MS) – Um vídeo do vereador Daivison Martinelli quase que exigindo das empresas de Três Lagoas a não contratação de trabalhadores de Castilho, e sim do seu município onde também existem milhares de desempregados, soou aos castilhenses como um preconceito e uma ingerência na gestão das empresas treslagoenses. 


Seria a criação de um novo mecanismo de cobrança dos benefícios fiscais concedidos para que as empresas paulistas se mudassem ou instalassem suas ampliações no vizinho estado do Mato Grosso do Sul? Muitas já venceram esse prazo e pagam os impostos.


A base dessa polêmica segundo consta, foi incentivada por um morador de Castilho mesmo que, procurando espaço político de destaque e interessado em concorrer nas próximas eleições, instigou os políticos de Três Lagoas para que reclamassem contra a contratação de castilhenses para trabalharem no vizinho estado. Quanto pior para a prefeita Fátima, melhor para o opositor. Será?


E o assunto está provocando milhares de manifestações pelas redes sociais. As empresas que se beneficiaram de incentivos fiscais e se instalaram em Três Lagoas, levam diariamente da cidade de Castilho, mais de 500 trabalhadores. Segundo dados não oficiais, seriam mais de 800 paulistas também de outras cidades. Alguns há mais de uma década. Pouco mais de meia hora de ônibus. 


Alguns empresários de Três Lagoas oferecem o transporte gratuito. Outras pedem ajuda das prefeituras da região. No caso de Castilho existe subsídio de até 50% no preço da passagem. E essa semana, um vídeo do setor de Balcão de Empregos da Prefeitura de Castilho, anunciou 60 vagas numa indústria de Três Lagoas. Foi a gota d’água para que se desencadeasse um clima de terror entre as duas cidades.


O que era apenas uma “guerra fiscal”, corre o risco de se tornar uma “guerra humana” de preconceitos e cerceamentos, de intolerância e divisões dentro da nossa “Pátria Amada”.
Os empresários contratam trabalhadores de Castilho, certamente porque a oferta da mão de obra paulista, preenche melhor as necessidades da atividade profissional. Mesmo que seja uma vantagem de menor custo da mão de obra, ainda assim teriam a liberdade de contratar. Não fazem isso com os haitianos, nigerianos, por que não fariam com os desempregados de Castilho?


É compreensível a preocupação do vereador de Três Lagoas, mas ele não pode se esquecer que as cidades são muito próximas e possuem uma intensa relação de amizades, parentescos e que há quem tenha escolhido morar no Estado de São Paulo, apenas por considerar que a oferta de qualidade de vida é melhor. Estamos num país livre. Ou não estamos?


O que se deve perguntar em Três Lagoas é quais os motivos dessa importação de mão de obra. E não exigir que os empresários contratem esse ou aquele operário, por uma escolha geográfica e não de competência. Nessa linha de justificativas, encontramos depoimentos em off de alguns contratantes que reclamam de falta de qualificação técnica, faltas constantes ao trabalho, desinteresse pelo salário e despreparo escolar.


Que esse atrito entre as autoridades parlamentares das duas cidades, sirva como ponto inicial de uma reflexão sobre como nasce o fascismo e a discriminação, a intolerância e a violência, o protecionismo econômico e geográfico e o preconceito.

 
 
 
FONTE: NOROESTE RURAL

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