Portanto, ele conhece bem os problemas da Santa Casa e sabe por onde começar a busca por soluções. Uma das primeiras iniciativas será a revisão dos contratos existentes. Claudionor Teixeira deixou claro que precisa reduzir as despesas e aumentar as receitas. Este será o seu grande desafio.
Aos 74 anos (natural de Caxias-RS), Claudionor veio para Araçatuba em 1970 como médico veterinário da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Ele é formado n a Unesp de Botucatu. Sua atividade profissional o levava a visitar fazendas e manter contatos com os proprietários rurais. Foi assim que passou a fazer parte da Santa Casa e citou o ex-provedor Carlos de Castro Neves. Ele foi irmão contribuinte e irmão definidor e mais recentemente, com a mudança para Organização Social, passou a ser associado, mas com efetiva participação.
Presente nas últimas gestões da Santa Casa, Claudionor tornou-se um profundo conhecedor não apenas da entidade de Araçatuba, mas também de outras instituições filantrópicas. Ele relatou que foi contratada uma empresa de consultoria para fazer um diagnóstico dos problemas e apontar soluções. O trabalho foi iniciado no segundo semestre do ano passado e vários problemas foram detectados, mas é preciso encaminhar as soluções.
FINANCEIRO
Segundo Claudionor Teixeira, o déficit mensal é da ordem de R$ 1,8 milhões. Por isso pretende reduzir despesas e aumentar as receitas. Além do trabalho da consultoria, a direção também está fazendo seus levantamentos e já traçando planos de ação, inclusive buscando o apoio da comunidade.
O novo provedor disse que é necessário fazer uma revisão dos contratos. Teixeira que vários setores estão sendo analisados. Ele citou o setor de contratos e admitiu que nem todos são viáveis para a Santa Casa e que precisarão de ajustes. "Em visita a outras instituições constatamos que o ganho médico varia entre 27% e 30% e o restante é para a Santa Casa", disse Teixeira, reconhecendo que há contrato em Araçatuba que o ganho médico é de 70%. Por isso entende que são necessários ajustes. "Nossa conversa vai girar nestes termos", acrescentou o provedor.
MUDANÇAS
Algumas mudanças já estão sendo feitas pela nova administração. Antes o hospital era administrato por um conselho gestor. Este conselho foi desfeito e foi designado um administrador. O cargo está sendo ocupado por Mauro Inácio da Silva, que antes era assessor jurídico. O médico Sérgio Smolentzov, que era diretor técnico, pediu demissão do cargo. A nova administração já definiu que o novo diretor será o neurologista Fabrício Zanini.
Conselho vai acompanhar o trabalho e dar apoio à diretoria
O presidente do Conselho de Administração, Cláudio Benicio Castello Branco, participou da entrevista com Claudionor Teixeira e falou dos compromissos de apoio na busca de recursos. O Conselho Administrativo, integrado por 11 membros, tem a missão de nomear e empossar os diretores da Santa Casa.
Segundo Castello Branco, o conselho acompanhou o trabalho de Carlos Joaquim Rodrigues e entendeu quando, alegando motivos pessoais, ele renunciou ao cargo. Como o vice-provedor, João César Bedran de Castro decidiu não assumir o cargo, recorreram aos suplentes e convidaram Claudionor para a provedoria. "Será um período de transição. Ele já nos informou que ficará apenas até março de 2020", disse Castello Branco, que citou, também, outras saídas da diretoria.
Segundo Castello Branco, houve dificuldade em encontrar quem quisesse assumir a direção. Ele apontou outro problema, o baixo número de pessoas que integram a associação.
"O Conselho de Administração está procurando ser atuante e entender as necessidades da Santa Casa. Nossa meta é chegar à sustentabilidade da Santa Casa. "Nós vivemos de convênios e doações. O último reajuste do Sistema Único de Saúde é de 1996. Com isso temos de buscar dinheiro no mercado financeiro para fechar a conta aqui", explicou Castello Branco, que lembrou a gestão de Jaime Monsalvarga, que pegou com 13 mil metros de área construída e entregou com 24 mil metros e ganhou prêmios de gestão.
Castello Branco afirmou que a situação da Santa Casa, mesmo com déficit, é melhor do que muitas outras entidades. Ele citou que Araçatuba é referência em média e alta complexidade em várias especialidades para mais de 40 cidades. "Temos o Centro de Tratamento Oncológico, o Hospital do Rim, que precisamos trabalhar para ampliar o atendimento", acrescentou o presidente do Conselho, falando sobre as faculdades de medicina.
Para Castello Branco, embora com compromisso de atender pacientes de mais de 40 cidades, Araçatuba não consegue repasses expressivos. Em determinado tipo de repasse, Araçatuba recebeu R$ 500 mil, enquanto outros hospitais receberam R$ 50 milhões (Barretos) e R$ 30 milhões (Jaú).
O presidente do conselho defende a união de esforços para aumentar a representatividade política na busca de recursos.