Outros dois empresários confirmaram a denúncia, de que só conseguiam manter os benefícios fiscais mediante o pagamento de propina.
O programa global veiculou vídeo gravado por Berger, no qual ele pagava R$ 30 mil em espécie para Polaco.
Dois meses antes, boatos da existência de vídeo com teor semelhante foi a causa da demissão de Sérgio de Paula, atual coordenador da campanha pela reeleição de Reinaldo. Na época, o governador aproveitou a reforma administrativa e extinguiu a Casa Civil.
Inicialmente, a Polícia Civil abriu inquérito contra a Braz Peli. Na época, com autorização da Justiça, houve operação contra o empresário e o processo começou a tramitar na 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Ao verificar o depoimento do empresário ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, decidiu encaminhar o processo ao STJ porque Reinaldo acabou sendo citado como beneficiário do suposto esquema criminoso e tem direito a foro privilegiado por ser governador do Estado.
O processo tramita em sigilo no STJ. No entanto, ao fazer busca no sistema do órgão com o nome de Reinaldo Azambuja da Silva, aparece a pauta de julgamento da Corte Especial de 17 de outubro deste ano, prevista para as 14h.
A assessoria do Superior Tribunal de Justiça informou que não se manifesta sobre processos que tramitam em segredo de Justiça.
Preso na Operação Vostok, Polaco descartou fazer delação premiada e teria isentado as autoridades de qualquer participação no suposto esquema de cobrança de propina. Segundo o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, o seu cliente também descartava fazer delação premiada.
A proposta de colaboração foi formalizada por Polaco em carta encaminhada em abril deste ano ao Ministério Público. Na oportunidade, ele prometia entregar documentos e bilhetes.
Além do inquérito 1.198, Reinaldo é alvo de outros dois no STJ. O mais antigo é o 1.190, que apura o suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas pela JBS, que teria causado prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais.
No início deste mês, neste inquérito, o ministro Félix Fischer decretou a prisão temporária de 14 pessoas, entre as quais estavam o filho do governador, Rodrigo Souza e Silva, o conselheiro do Tribunal de Contas, Márcio Monteiro, e do deputado estadual José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (DEM).
O outro inquérito, de número 1.243, apura o plano para recuperar a propina de R$ 270 mil destinada a Polaco. O aposentado Luiz Carlos Vareiro, que seria “laranja” da Ciacom, também revelou que teria sido contratado para matar o corretor de gado.
Neste último processo, o ministro determinou a transferência das investigações da esfera estadual, onde era conduzido pelo promotor Marcos Alex Vera, para o Ministério Público Federal.
Governador se diz vítima de pilantras
Em entrevistas e no debate promovido nesta segunda-feira pelo Midiamax, o governador Reinaldo Azambuja defendeu-se das acusações de corrupção. Ele enfatizou que é vítima de picaretas, no caso, os donos da JBS.
Durante confronto com o candidato do PSOL, João Alfredo, o tucano enfatizou que os irmãos Joesley e Wesley Batista, que o acusaram de receber propinas, são “pilantras que roubaram o Brasil”.
“Não aceito condenação sem direito ao contraditório”, alertou. Ele destacou que tem 21 anos de vida pública e nunca teve condenação.
Durante o evento do Midiamax, o governador prometeu disponibilizar os documentos ao candidato e aos eleitores interessados em analisar o inquérito.
O governador ainda insinuou estar sendo vítima de armação política, porque adversários teriam antecipado a Operação Vostok em grupos de whatsapp. Ele usa o mesmo argumento do ex-governador André Puccinelli (MDB), acusado de desviar mais de R$ 300 milhões e preso na Operação Lama Asfáltica. O emedebista vê fins políticos na prisão ocorrida no inicio do prazo das convenções partidárias.
fonte: Ojacaré