Com 20 anos, castilhense é um dos mais jovens pilotos de avião do Brasil

Sexta, 10 Agosto 2018 08:38

Thales fará agora o curso de Instrutor de Voo e vai concluir a faculdade de Aviação Civil. ‘’Devo tudo aos meus pais’’

Ele, literalmente, sonha alto. Quem se atenta para o seu semblante jovial nem imagina que garoto carrega consigo umas das profissões mais nobres e admiradas do mundo.

Thales Hugo de Souza, de 20 anos, morador de Castilho (SP), é piloto de avião. Garra, determinação e, principalmente, coragem (e, cá entre nós, que coragem, hein!), estão entre suas maiores qualidades. E são com elas que, até hoje, o jovem enfrenta todas as ‘turbulências’ da vida.

Senhores passageiros, apertem os cintos! Nosso destino: uma história regada de emoções, superação e conquista.

O CONTATO INICIAL COM UM AVIÃO

Aos 12 anos, quando ainda nem imaginava qual profissão gostaria de seguir, Thales fez sua primeira viagem de avião. Ele, a mãe Adeilza Viveiros de Souza e o pai, Umberto Silva de Souza, foram para Fortaleza (CE). A família embarcou em Campinas (SP) e o voo durou aproximadamente três horas.

 

‘’Sou nascido em Castilho mesmo e, até então, nunca havia saído daqui. Essa viagem aconteceu em 2012. Confesso que tive um pouco de medo durante o trajeto. Assim que desci do avião, vi o comandante na porta. Aquilo chamou demais a minha atenção e resolvi pesquisar sobre a profissão’’, lembrou.

Após a primeira experiência dentro de uma aeronave, Thales tomou gosto pelo que sentiu e desejou mais. ‘’Depois que voltei de férias de Fortaleza, todos os anos, eu também viajava, às vezes nem tanto para conhecer novos lugares, mas por saber que eu iria andar de avião’’, revelou.

DECISÃO E CONVERSA COM A FAMÍLIA

Após pesquisar bastante sobre a aviação civil, aos 14 anos, quando cursava a oitava série do ensino fundamental, Thales estava convicto da carreira que desejava para a vida.

 

‘’Na escola, todos diziam o que queriam ser. Uns advogados, outros médicos, engenheiros e, eu, aeronauta, que é profissão que você alcança depois que se forma na área’’, disse.

Além de compartilhar com os colegas de classe sua paixão pela aviação, Thales, que é filho único, resolveu expor o sonho à família. ‘’Meu pai ficou muito feliz. Ele nunca havia me contado, mas ele também tinha o sonho de ser piloto de avião, porém, por questões financeiras, não conseguiu ir em frente. Já minha mãe se mostrou um tanto assustada com minha decisão, mas também expressou apoio’’, frisou.

Mesmo restando dois anos para concluir o ensino médio, Thales e seus pais passaram a buscar por escolas de aviação e valores dos cursos. O pai do jovem é operador de máquinas na prefeitura de Castilho, enquanto a mãe tem uma loja de confecções.

 

‘’Pesquisamos e vimos que sairia caro demais. A partir daí, meus pais começaram a economizar e se programar para os custos que viriam. Não foi fácil. Eles tiveram que ‘sacrificar’ muita coisa para investir em meu sonho’’, contou.

A SAÍDA DE CASA

Já com 17 anos e a um passo de concluir os estudos, Thales se inscreveu no vestibular de Aviação Civil na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Ele foi aprovado e chegou a iniciar o curso, mas parou ainda no primeiro mês.

‘’Percebi que compensava mais me tornar piloto comercial e instrutor de voo primeiro para depois voltar à faculdade, pois assim eu ganharia tempo’’, explicou.

Thales deixou então a Capital paulista e mudou-se para o interior: Itápolis. Lá, ingressou na ‘’EJ – Escola de Aeronáutica Civil’’ e, ainda com 17 anos, começou o curso teórico de Piloto Privado. Para economizar dinheiro, o jovem morava no alojamento da instituição. As aulas eram intensivas, de segunda a sábado, de acordo com ele.

 

Assim que terminou o módulo teórico, o jovem precisou passar por uma prova aplicada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para ter permissão de iniciar as aulas práticas. A avaliação aconteceu no Núcleo Regional de Campo Grande (MS). O teste é composto por 100 questões, das quais o candidato precisa acertar, no mínimo, 70.

Depois de conseguir a aprovação no exame da Anac, Thales retornou à Escola de Aeronáutica em Itápolis para a parte operacional do curso.

O PRIMEIRO VOO SOLO

As aulas práticas de Thales aconteciam todos os dias, com ‘’duplo comando’’, acompanhadas e monitoradas por um instrutor. Na décima oitava hora de voo, o jovem assumiu o controle da aeronave e colocou em prática, sozinho, tudo o que aprendeu.

 

‘’Pousamos, e meu instrutor saiu do avião e disse: ‘’agora é com você’’. Fiz um voo de aproximadamente 30 minutos por Itápolis. Eu estava bastante confiante e tranquilo’’, afirmou.

Ao aterrissar a aeronave, o jovem conta que foi recebido com festa pelos amigos. ‘’Na aviação existe uma espécie de ‘batismo’ quando o piloto faz seu primeiro voo solo. Ao descer, você tem que tomar banho com óleo ou água, no meu caso foi água mesmo; me emocionei demais’’, destacou.

Thales avaliou o momento como gratificante e mágico. ‘’Foi uma sensação de dever cumprido; me senti a pessoa mais realizada do mundo. Lá em cima, quando olhei para o lado e não vi ninguém, só aumentou minha certeza do que eu queria; tive orgulho de mim mesmo’’, comentou.

 

PILOTO DA FAMÍLIA

Assim que concluiu o curso de Piloto Particular, Thales teve a oportunidade voar com a família na Escola de Aeronáutica. Os agraciados foram seus pais, uma prima e seus padrinhos.

‘’Foi em um avião menor, com capacidade para duas pessoas, então precisei pousar cinco vezes para levar um de cada vez. Todos ficaram muito emocionados e, se tiveram medo, disfarçaram bem’’, brincou.

PILOTO COMERCIAL

Thales desejou ‘alçar novos voos’, literalmente e, no mês passado, terminou o curso de Piloto Comercial. O último exame aconteceu no dia 30, quando ele foi avaliado, na prática, por um técnico da Anac. Na ocasião, ele conduziu a aeronave de Itápolis até Araraquara. Sua carteira de Licença Profissional é prevista para chegar ainda nesta semana.

 

‘’Já posso trabalhar como piloto profissional e voar, inclusive, em condições adversas, mas, agora, vou fazer o curso de Instrutor de Voo e também concluir a faculdade; meu foco é a linha aérea mesmo. As companhias requerem, no mínimo, 300 horas de voo; já tenho 153. Pretendo ganhar experiência dando aulas e como piloto executivo’’, ressaltou.

Thales também revela que depois de terminar a faculdade pretende se especializar em Segurança de Voo. ‘’A partir do momento que passamos a conhecer sobre a aviação, descobrimos que é algo seguro. Apesar disso, o excesso de confiança nunca é bom. Se um piloto fizer algo de errado no ar, ele não será julgado pela lei dos homens e sim pela lei física e aerodinâmica’’, acrescentou.

 

CONSELHO E GRATIDÃO

Questionado pela reportagem sobre qual conselho daria a quem também deseja ser um aviador, Thales elenca o planejamento financeiro como o fator primordial.

‘’Se programe; esse é o meu principal conselho, e não desista. Minha família, por exemplo, passou a se planejar quando eu tinha 14 anos. Ao todo, se formos somar, os gastos passam dos R$ 100 mil. Sou grato aos meus pais, pois, sem eles, eu não chegaria onde cheguei. Pretendo, sim, ir mais longe, mas mantenho os pés no chão, pois o piloto não pode voar antes do avião’’, concluiu.

 

fonte: PerfilNews

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