PCC teria financiado ônibus que saiu de Araçatuba para protesto contra o fim da saída temporária de presos

Terça, 10 Setembro 2024 15:33
Autoridades do Gaeco e das polícias Civil e Militar concederam entrevista sobre o caso (Foto: Lázaro Jr.)
 
 

Manifestação aconteceu no final de abril em Brasília e é um dos motivos da operação realizada nesta sexta-feira, que tenta apurar o alcance da facção criminosa na vida política da cidade de Araçatuba

 

Autoridades do Gaeco e das polícias Civil e Militar concederam entrevista sobre o caso (Foto: Lázaro Jr.)
 

A investigação que resultou na "Operação Ligações Perigosas" , que foi deflagrada nesta sexta-feira (6) em Araçatuba (6), é resultado de três inquéritos policiais que tramitam na Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) e de uma investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Em entrevista coletiva, os delegados José Abonizio e Juliano Albuquerque Goes, explicaram que os trabalhos partiram da investigação de um suposto integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), que é de Araçatuba.

O objetivo inicial era combater os vários crimes de homicídio que foram registrados nos últimos meses na cidade, e também o crime de tráfico de drogas. As investigações apontaram que esse investigado ocuparia posição de destaque no " Quadro Disciplinar da Região 018 ", dentro da organização criminosa.

Ônibus

Porém, no decorrer dos trabalhos, foi apurado que a organização criminosa estaria financiando compras de apoio popular. De acordo com o que foi apurado pela reportagem, no final de abril deste ano, um ônibus partiu de Araçatuba para Brasília (DF).

O veívulo levou moradores locais para participar de uma manifestação contra o fim da saída temporária nos presídios para presos que cumprem pena no regime semiaberto. Esse ônibus teria sido fretado por R$ 17 mil, valor que teria sido financiado pelo PCC, com dinheiro proveniente de crimes, principalmente o tráfico de drogas.

Em pesquisa, a reportagem encontrou imagens dessa manifestação, que aconteceu em 29 de abril, na Esplanada dos Ministérios, após o projeto ter sido aprovado pelos parlamentares. Em maio, o Congresso derrubou o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manteve a proibição do benefício.

Vereador

Ainda durante a coletiva, o promotor de Justiça do Gaeco, Carlos Bruno Gaia da Costa, informou que existia uma investigação para apurar possível infiltraçao da organização criminosa na política de araçatuba.

Ele explicou que a investigação apontou que uma pessoa que foi chefe de Gabinete do vereador Antônio Edwal Costa (União Brasil), o Dunga, até recentemente, teria relação com a organização criminosa.

O vereador foi preso, pois na casa dele a polícia encontrou uma arma com a numeração raspada. Ainda de acordo com ele, há indícios de que o ex-assessor dele estaria envolvido com o tráfico de drogas e ele teria um irmão que seria membro da facção criminosa.

Sigilo

O promotor informou que como a investigação está em sigilo e não houve denúncia, não serão divulgados detalhes. Porém, confirmou que houve indicativo de que teria havido financiamento por parte de autoridades públicas da cidade, e de outras pessoas, para financiar manifestações supostamente populares espontâneas em Brasília, contra o fim das saídas temporárias.

Como posteriormente foram encontrados outros pontos de contato entre as investigações do Gaeco e da Polícia Civil, foi deflagrada a operação conjunta e os trabalhos terão sequência para tentar apurar o alcance da facção criminosa na vida política da cidade de Araçatuba.

Presos

Ainda de acordo com o que foi divulgado, nesta sexta-feira foram cumpridos 23 mandados de prisões temporárias, apreendidos cerca de seis quilos de etorpecentes e seis armas de fogo. Na região de Araçatuba havia a confirmação das prisões de sete pessoas.

Um dos presos é de Penápolis e teria forte ligação com o alvo principal da operação. Também havia um mandado de prisão temporária contra um morador em Birigui, pelo mesmo motivo, mas ele não foi localizado e é considerado foragido, de um total de 12 investigados nessa condição.

Ao todo, foram expedidos 105 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária para serem cumpridos em onze cidades paulistas e três de Mato Grosso do Sul. Também houve buscas contra investigados em três em presídios, onde há presos que passariam ordens para influenciar os comandos em Araçatuba e região.

Um dos alvos morreu baleado durante o cumprimento do mandado, ao revidar à tentativa de abordagem em Araçatuba, feita pelo Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia). Segundo o que foi informado, ele seria integrante do PCC.

 
 
 

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