Alessandra Nogueira
A AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil) rebateu, ontem (30), as acusações da notícia-crime protocolada no Ministério Público de Mirandópolis que apontam eventuais irregularidades que teriam sido cometidas pela Organização Social de Saúde (OSS) na gestão de leitos do Hospital Estadual de Mirandópolis.
“Nosso corpo médico e de enfermagem colocam a própria vida em risco para salvar outras vidas em plena pandemia e estão sendo chamados de assassinos. Não somos assassinos, nós cuidamos de vidas”, afirmam os representantes da OSS ouvidos pela reportagem da Folha Região, o advogado Eduardo Horita Alonso e o responsável pelas relações instituições, Rogério Miotello.
Dentre as denúncias contra a AHBB estão homicídio, lesão corporal grave, negligência, falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão de médico. Na semana passada, o MP encaminhou à Polícia Civil a notícia-crime, para que sejam investigadas a procedência e a materialidade dos fatos citados em gravação feita por dois ex-funcionários da OSS e anexada à denúncia.
“Falar que existe homicídio é um absurdo. O corpo médico está abismado com esta situação e não sabe a intenção de quem fez estas acusações. Os médicos atuam da melhor maneira possível e estão indignados e estarrecidos, pois trabalham pra salvar vidas”, afirmaram.
Os representantes da AHBB se disseram surpresos com as denúncias e que o sistema de compliance da empresa está verificando cada uma delas. “Vamos tomar o depoimento dos médicos para averiguação e, se comprovada qualquer intercorrência, vamos acionar os órgãos competentes”, afirmaram, ao citar o próprio Ministério Público, Conselho Regional de Medicina (CRM) e Conselho Regional de Enfermagem (Coren).
AHBB mantém contrato com o governo do Estado para gerenciar 10 leitos de UTI Geral há cerca de três anos. Com a pandemia, passaram a gerir 10 leitos de UTI Covid e o pronto-socorro respiratório. A empresa possui mais de 17 convênios para administrar serviços de saúde em todo o Estado de São Paulo.
Os representantes da empresa afirmam que a AHBB segue um plano de trabalho com metas quantitativas e qualitativas para contratar com o poder público. “Dentro do parâmetro contratual, as metas foram cumpridas”, frisaram. Dentre elas, estão taxa de mortalidade, número de reclamações e treinamento de funcionários, indicadores que são apresentados periodicamente à Secretaria de Estado da Saúde.
Eles destacaram, ainda, que o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) também acompanham a prestação de contas da empresa.
INTUBAÇÃO
Sobre a falta de experiência dos médicos para intubação de pacientes com Covid, que poderia ter provocado a morte de pacientes, Alonso e Miotello garantem que os profissionais são intensivistas, passam por treinamento e capacitação continuada, e que todos os procedimentos seguem as normas da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo eles, a AHBB tem mais de 300 leitos de UTI somente no Estado de São Paulo.
“É extremamente vazia esta denúncia. É difícil que isso ocorra como foi denunciado, como se fosse um abatedouro. Nós cuidamos de gente”, afirmaram.
HEMODIÁLISE
Em relação ao procedimento de hemodiálise que, segundo os denunciantes, seriam realizados por ténicos de enfermagem, o advogado e o Relações Institucionais da Associação informam que o tratamento é feito por uma empresa especializada, que envia ao hospital um funcionário treinado.
Na denúncia, dois ex-funcionários afirmaram que todos os pacientes submetidos à diálise morreram. “Esta informação é leviana e temos quase certeza de que não procede, se não, não atingiríamos as metas necessárias ao cumprimento do contrato. Isso também está sendo apurado pela AHBB”, disseram, ao afirmar, na sequência, que mais de 80% dos pacientes submetidos à diálise morrem, em geral.
AMPUTAÇÃO
Sobre a amputação do braço de uma paciente que teria sido vítima de um erro médico, os representantes da emprea disseram que foi aberta uma apuração interna para verificar quem é a paciente e o médico que estava de plantão. “Se houve conduta temerária ou erro médico, o funcionário vai ser penalizado e o caso será levado ao MP, Polícia Civil e ao CRM”, afirmaram.
CRM
Eles também negaram que houve plantão de um médico sem CRM no hospital de Mirandópolis. “Este profissional não só tem o registro no CRM, como toda a documentação que o qualifica como médico. Para ser aceito na instituição, o setor de Recursos Humanos exige estes documentos”, defenderam.
SEXO
Sobre a denúncia de que um médico teria feito sexo no hospital durante um plantão, eles afirmam que também está sendo apurado. “Acreditamos que disseram isso para denegrir, atacar a instituição. Atuamos há muitos anos com o governo do Estado de São Paulo. Estas denúncias vazias são muito preocupantes e acabam com a imagem da instituição”, argumentaram.
MEDICAÇÃO
Os representantes também negaram que a AHBB utiliza remédios do Estado sem fazer a reposição. “Dentro de um sistema organizado, há assistência mútua, por isso existe empréstimo de medicação, caso haja necessidade, tanto por parte do Estado quando por da AHBB. Se alguém precisa ser intubado, a medicação pode ser emprestada e depois devolvida”, explicaram.
CROSS
A respeito de vagas de UTI que teriam sido ocupadas sem repeitar a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), eles afirmam que o sistema é estadual e que a AHBB não tem controle sobre os leitos disponíveis. “Se alguém fez isso sem regulação, precisamos saber para apurar”, disseram.
ESCALA
Eles afirmaram, ainda, sobre a denúncia da médica que foi demitida e cujo nome constou em dois plantões após o seu desligamento, que a escala é feita mensalmente, por isso pode ter ocorrido de o nome da profissional ter constado no plantão, que, neste caso, foi cumprido e assinado por outro médico.
REGIÃO
A AHBB tem mais de 1,2 mil funcionários contratados nas unidades de saúde onde atua. Na região, a empresa atua em Bilac e Mirandópolis. Em Penápolis, a associação gerenciava a Santa Casa local, o Hospital de Campanha e o pronto-socorro, mas o contrato foi rescindido pelo prefeito Caíque Rossi (PSD), no início deste ano. Após as denúncias, a Secretaria de Estado da Saúde determinou abertura de apuração preliminar e informou que tomará as medidas cabíveis se constatadas irregularidades.
FONTE: FOLHA DA REGIÃO