Na semana passada, a Prefeitura de Araçatuba instalou placas na prainha municipal orientando a população a não entrar na água do rio.
A medida foi tomada pelo Executivo após recomendação da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para que a população evite o contato com a água. Pesca, banho e uso da água sem tratamento prévio devem ser suspensos, pois o rio está com mau cheiro devido à quantidade de algas, e há peixes mortos.
Além da prainha, que viu o movimento de turistas despencar, o problema atinge condomínios que estão às margens do rio e pescadores.
De acordo com a Cetesb, que está acompanhando as ocorrências de alteração na cor da água ao longo do Tietê, as primeiras análises apontaram algas que se proliferam em razão da presença de nutrientes, principalmente o fósforo, e das elevadas temperaturas. Não foram fornecidos detalhes sobre a origem desses nutrientes.
Esgoto
Ricardo Molto Pereira, que é mestre em recursos hídricos e tecnologias ambientais e membro do grupo de pesquisa SOS Rio Tietê, afirma que a origem do problema está no descarte de esgoto in natura de grandes cidades, entre elas, São Paulo e Bauru, e outras que estão à montante do Tietê.
“A gente acaba pagando o pato pela poluição de toda a montante. Basta ver que em épocas de chuva na capital, dias depois, a região de Sabino (município pertencente à região de Lins) fica totalmente eutrofizada, e isso ocorre há anos”, exemplifica.
O despejo de esgoto tratado no rio influencia o processo de eutrofização - quando um corpo d’água adquire altos níveis de nutrientes, provocando o crescimento excessivo de algas e de outras plantas aquáticas e a deterioração da qualidade da água.
Segundo Molto, a legislação brasileira é muito branda em relação à remoção de nutrientes. “Municípios que não tem tratamento de esgoto, liberam matéria orgânica no rio e os que têm, também liberam, mas estão dentro do que é exigido pela lei”, explicou Molto, que é também coordenador da pós-graduação em saneamento e meio ambiente da Unilins.
Cílios
A segunda causa do problema são as matas ciliares, ou melhor, a falta delas. “A maioria dos cursos d’água não tem uma vegetação que funcione como barreira para esses nutrientes. Além do esgoto, tem a parte de fertirrigação (técnica de adubação que utiliza água de irrigação para levar nutrientes ao solo), que acaba indo para o rio por falta dos cílios”, afirma, ressaltando que essa é uma causa secundária.