O primeiro caso envolve a delação da JBS, homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa, acusam o pagamento de R$ 38,4 milhões em propinas em troca de incentivos fiscais.
O relator do inquérito no STJ, o ministro Felix Fischer, acompanhou a maioria na discussão do foro e votou para que ele fique restrito aos crimes cometidos no mandato. No caso, conforme a JBS, Reinaldo pediu o pagamento de 30% sobre os incentivos concedidos aos frigoríficos do grupo.
O outro inquérito, presidido pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, apura o suposto pagamento de até R$ 500 mil em propinas pelo curtume Braz Peli e por frigoríficos em troca da manutenção de benefícios fiscais. O caso foi tema de reportagem do Fantástico, da TV Globo, em 28 de maio de 2017.
A decisão do STJ também terá impacto na Operação Lama Asfáltica, que apura o desvio de aproximadamente R$ 300 milhões dos cofres públicos. Além do empresário João Amorim e do ex-deputado federal Edson Giroto, o ex-governador também é alvo da investigação e chegou a ter a prisão preventiva decretada em 14 de novembro do ano passado.
Pré-candidato a governador nas eleições deste ano, Puccinelli tem chances reais de ser eleito para um terceiro mandato. Ele está em segundo nas pesquisas, atrás do juiz federal Odilon do Oliveira (PDT) e na frente de Azambuja.
Em 2014, a Operação Lama Asfáltica chegou a ser suspensa devido ao foro privilegiado do governador e só foi retomada após o STJ desmembrar a ação, restringindo à corte superior a investigação envolvendo o emedebista.
Agora, a eventual eleição de André para o Governo não interromperá as investigações, porque o STJ limitou ao foro especial a investigação de crimes ocorridos no decorrer do mandato. No caso de André, os supostos crimes ocorreram entre 2007 e 2014.
O mesmo ocorrerá com Giroto, que antes de ser preso pela quarta vez sonhava em disputar uma das oito vagas de deputado federal. Ele também não mudaria o curso da Lama Asfáltica, porque o Supremo Tribunal Federal manteve o foro apenas aos casos registrados no decorrer do mandato.
Puccinelli e Giroto negam ter cometido irregularidades e apontam a fragilidade das provas colhidas pela PF. O ex-governador tem ressaltado que após cinco anos de investigação só virou réu em uma única ação penal e ainda nem foi condenado.
A restrição de foro foi comemorada por parte da população como uma esperança para acabar com a impunidade.
No entanto, ainda tem gente preocupada com a influência de políticos sobre o Poder Judiciário local.
Só tempo vai acabar com a dúvida se a medida será benéfica ou mais um entrave no combate à corrupção brasileira.
fonte: O jacaré