No Vale do Paraíba, as ações de prevenção e diagnóstico de doenças foram o destaque das Jornadas. A Penitenciária I de Potim, sede do evento em fevereiro, aderiu a campanha de combate à febre amarela e conseguiu vacinar 1830 presos. Na Penitenciária Feminina (PF) II de Tremembé e no Centro de Detenção Provisória de Caraguatatuba, homens e mulheres reclusos no sistema prisional participaram de testes rápidos de DSTs e de glicemia, aferição de pressão, avaliação corporal e exames de optometria. As unidades contaram com o apoio de universidades e associações anônimas para promover debates relacionados ao bem-estar, à resiliência e à saúde.
Na Penitenciária I de São Vicente, os presos participaram de oficinas de panificação, além de uma palestra sobre empreendedorismo, com a equipe da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). “São oportunidades que trazem crescimento pessoal e nos ajuda a acreditar em um futuro melhor”, afirmou o recluso Sinval, de 40 anos, que, uma vez livre, pretende abrir o seu próprio negócio no ramo mecânico.
Com as quatro edições do evento no Estado, foram emitidos 1.514 documentos civis – incluindo a regularização ou emissão de 551 CPFs, a expedição de 246 Carteiras de Identidade (RG) e os envios de 66 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e de 651 certidões (de casamento, de casamento e de óbito). A documentação dos presos é promovida por meio do Grupo Regional de Trabalho e Educação (Grate) da Corevali.
Cultura e Educação
As cerimônias de abertura das Jornadas são marcadas por apresentações culturais com performances e exposições de obras realizadas pelos reclusos das unidades prisionais.
Na PF II de Tremembé, o coral das reeducandas apresentou as canções “Tocando em frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, e “Maria, Maria” de Milton Nascimento. No encerramento do número musical, a detenta Kátia, de 38 anos, aproveitou o momento para compartilhar suas emoções e agradecer ao grupo. “Aqui temos mulheres comprometidas com a mudança, principalmente quando impulsionadas por atividades artísticas, como esta”, garante.
No Litoral Norte, os presos do CDP de Caraguatatuba participaram da peça teatral “Sonho – Tudo o que você faz, um dia volta para você”, produzida em parceria com a Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba (Fundacc). Para Fernando, detento de 34 anos que atuava como bailarino em liberdade, trabalhar com arte foi como respirar novamente. “Aprendi que a única salvação do mundo é o amor e, aqui, eu tive que parar de reclamar da vida e reconhecer que existem pessoas com problemas muito piores do que os meus”, revela.
O evento de Caraguatatuba também contou com a formatura de 24 presos que concluíram o ensino médio e participaram do Programa de Educação para o Trabalho (PET). Na ocasião, familiares dos sentenciados estiveram presentes para a cerimônia. Claudeci Mendes, de 59 anos, mal conteve a emoção ao assistir o filho, reeducando do estabelecimento penal, receber o diploma das mãos dos professores. “É uma vitória para mim ver essa mudança, ele errou no passado e eu quero que ele agarre todas as oportunidades boas que ele tiver por aqui”, afirmou.
fonte: SAP