Caso João Lucas: família destaca negligência da gestão anterior e esperança na nova administração de Três Lagoas

Terça, 25 Março 2025 01:45

Thaís Dias

A história de João Lucas, um menino três-lagoense que enfrentou anos de negligência no sistema de saúde, ganhou destaque após ser exposto pelo vereador Davis Martinelli (MDB),  na tribuna da Câmara Municipal.

O caso, que revela falhas graves na gestão anterior, também trouxe à tona a esperança de mudanças com a nova administração, liderada pelo prefeito Dr. Cassiano Maia (PSDB). A luta da família por atendimento médico adequado expõe desafios estruturais do SUS e a importância de uma gestão comprometida com a saúde pública.

João Lucas, hoje com oito anos, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ainda bebê, mas seu caso foi tratado com descaso pela gestão anterior. Sua mãe, Rafaela, relatou que, aos seis meses de idade, percebeu que o filho não se desenvolvia como outras crianças. “Ele era bem molengo para sentar, não segurava a cabeça”, contou. Preocupada, ela procurou um pediatra, mas foi recebida com indiferença. “Ele disse: ‘mãe, para de pôr doença no seu filho’. Eu nunca vi uma mãe pôr doença no filho”, desabafou.

Após insistir, Rafaela conseguiu uma segunda opinião médica, que diagnosticou o AVC. “Eu fiquei sem entender, saí da sala sem entender nada”, relembrou. A partir daí, começou uma jornada exaustiva em busca de tratamento. Com um ano de idade, exames como tomografia e ressonância magnética confirmaram a presença de um cisto porencefálico no cérebro de João Lucas, exigindo uma cirurgia de urgência.

No entanto, a gestão anterior classificou o caso como prioridade média (“amarelo”), ignorando os riscos de morte iminente. “O médico falou que ele era uma bomba-relógio, que a qualquer momento poderia morrer, mas mesmo assim disseram que teríamos que esperar de quatro a seis meses”, relatou Rafaela. A família precisou entrar na Justiça para conseguir uma liminar e agilizar a cirurgia.

Um dos episódios mais marcantes da negligência foi a recusa da gestão anterior em fornecer uma ambulância para levar João Lucas a Campo Grande, onde ele faria uma perícia médica essencial para o tratamento. O custo do transporte ficaria em torno de R$ 800, valor que o município se recusou a pagar, deixando a família desamparada.

“Era algo simples, mas eles negaram. Tivemos que nos virar sozinhos”, lamentou Rafaela.

Veja abaixo recurso da prefeitura ao TJMS para negar a ambulância a João Lucas, para fazer a perícia em Campo Grande:

A primeira intervenção, realizada em 2021, foi frustrante. “O médico abriu e fechou a cabeça do meu filho sem fazer nada”, lamentou. Somente na segunda cirurgia, após muita luta, o procedimento foi realizado, mas João Lucas ficou em coma por sete dias e enfrentou complicações pós-operatórias.

As sequelas da demora no tratamento são graves: mioparesia (fraqueza muscular), escoliose e problemas nos pés que exigirão novas cirurgias no futuro.

“Ele precisava dessa cirurgia desde que nasceu. A demora piorou sua condição”, afirmou Rafaela.

A nova gestão e a visita do prefeito

O prefeito Dr. Cassiano Maia, que assumiu a gestão municipal em 2025, afirmou que não tinha conhecimento prévio do caso, apesar do bom relacionamento com a gestão anterior. “Não, nós não tínhamos conhecimento, embora a gente sempre teve um bom relacionamento com a gestão anterior”, disse o prefeito, que também foi presidente da Câmara Municipal durante a administração passada.

Cassiano Maia, que é médico, visitou pessoalmente a família de João Lucas para entender as dificuldades enfrentadas.

“Acho importante a gente conhecer a realidade local e entender as dificuldades dos pais e como que é o caso clínico da criança para poder até ter um entendimento melhor”, explicou.

O prefeito destacou que a nova gestão está empenhada em garantir os atendimentos médicos necessários para João Lucas. “Com certeza vamos tentar viabilizar da melhor maneira possível os atendimentos médicos que a criança precisa, para que ele possa cada vez ter uma qualidade de vida melhor”, afirmou.

Questionado sobre o compromisso da atual gestão com a melhoria do SUS em Três Lagoas, o prefeito foi enfático. “Não há dúvida, é até um compromisso meu como prefeito eleito e sendo médico, que a gente consiga cada vez mais melhorar a acessibilidade ao SUS”, disse. Ele destacou a importância de garantir atendimento de emergência e acesso a exames especializados e cirurgias complexas.

Rafaela, mãe de João Lucas, destacou a diferença no atendimento após a mudança na gestão municipal. “O prefeito atual e sua equipe se mostraram sensíveis ao nosso caso”, disse. A nova administração facilitou o acesso a consultas e cirurgias, além de fornecer uma cadeira de rodas adaptada para o menino.

Apesar das dificuldades, Rafaela mantém a esperança de que o futuro será melhor para João Lucas.

“Hoje estou mais calma, mas ainda há muito pela frente. Vamos levar a vida do jeito que Deus permitir”, finalizou.

O caso de João Lucas é um alerta sobre a importância de um sistema de saúde ágil e humanizado, e um exemplo de como a sensibilidade e o compromisso da gestão pública podem transformar vidas. A história de superação da família e a atuação da nova administração municipal mostram que, com esforço e dedicação, é possível reverter cenários de negligência e garantir um futuro melhor para todos.

 

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