Agência Indusnet Fiesp
Chega de Engolir Sapo é o nome da campanha lançada nesta terça-feira (13 de março) durante reunião entre o presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, e líderes da indústria, do comércio, dos serviços e da agricultura que representam milhares de empresas e milhões de empregos. Chega de Engolir Sapo combate os juros mais altos do mundo, cobrados dos consumidores brasileiros.
Ao apresentar o conceito, Skaf destacou a importância do dia e lembrou a semelhança com o início, em setembro de 2015, da campanha Não Vou Pagar o Pato. Além de impedir, graças ao forte apoio popular, o aumento de impostos, o Pato acabou virando símbolo da luta pelo impeachment.
“O Sapo inicia hoje sua carreira, seu trabalho, sua missão”, afirmou Skaf na calçada do prédio da Fiesp, na avenida Paulista. Quanto ao Pato, está recolhido, disse, mas pronto para sair às ruas caso haja qualquer ameaça de aumento de impostos.
O Sapo, explicou, nasce numa campanha de todos os empresários e setores profissionais presentes. Não é da Fiesp e do Ciesp, ressaltou. São entidades de diversos setores, nos níveis municipal, estadual e federal.
O Sapo está de olho nos juros cobrados no Brasil, os mais altos do mundo. Como os impostos elevados demais, os juros brasileiros são absurdos. Houve redução da Selic, a taxa básica de juros, reconheceu Skaf, ressalvando que ainda é alta, mas o alvo da campanha está nos juros cobrados pelos bancos de consumidores.
O Sapo nasce para combater a elevada taxa cobrada do consumidor, das pessoas, da Nação, afirmou Skaf. O foco é no que as pessoas, o povo, estão pagando.
Skaf mostrou a diferença entre o que paga uma aplicação financeira básica, a caderneta de poupança, e o que é cobrado pelo cheque especial. A pessoa que tivesse depositado dez anos atrás R$ 100 na caderneta teria hoje R$ 198,03, enquanto uma dívida de R$ 100 também contraída dez anos atrás representaria hoje R$ 4.394.136,97. Mais de quatro milhões de reais.
O segundo vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, mostrou o quanto significa o spread (a diferença entre o que bancos pagam pelo dinheiro que captam para emprestar e o quanto cobram de juros) para o bolso das pessoas. Se o spread no Brasil fosse semelhante ao de outros países, as famílias economizariam R$ 204 bilhões por ano, o que aumentaria muito a capacidade de consumo.
Para dar ideia de quanto isso representa, é mais do que a soma do que está no Orçamento da União em 2018 para Saúde (R$ 120 bilhões) e Educação (R$ 90 bilhões).
Concentração
Roriz destacou que os EUA têm mais de 1.200 bancos pequenos e médios, o que contradiz o argumento dos bancos de que a concentração brasileira é normal. Acontece o mesmo na Europa e na Ásia, em que a concorrência é muito forte.
A inadimplência, de 2011 a 2017, teve queda no Brasil. E no mundo há 70 países mais inadimplentes que o Brasil. Na Itália, a inadimplência é 3 vezes mais alta que a brasileira, mas o spread aqui é 8 vezes superior, exemplificou.
As ações iniciais da campanha, no dia de seu lançamento, incluíram anúncios em jornais, assinados pela Fiesp e pelo Ciesp, a distribuição de folhetos explicativos nas portas de bancos na avenida Paulista por 150 pessoas vestidas como sapos e a divulgação no Facebook. Sapos gigantes foram posicionados na entrada do prédio.
O site da campanha tem os diagramas do material promocional, como panfletos e adesivos, para ser livremente reproduzido por quem quiser ajudar na divulgação.
Selic x empréstimos
O Banco Central reduziu a Selic, que é a taxa básica de juros da economia, para o menor valor da história. Nos últimos 16 meses, a Selic caiu de 14,25% para 6,75% ao ano. Mesmo assim, os juros cobrados do consumidor e das empresas continuam sendo os maiores do mundo. Na prática, a redução dos juros não foi repassada ao consumidor nem às empresas. Os juros da vida real no Brasil continuam absurdos.
Exemplo disso, são os juros de mais de 300% por ano no cheque especial e no cartão de crédito. Com essa taxa, uma dívida de R$ 100 se transforma em R$ 4 milhões em 10 anos.
Não é razoável que, mesmo durante a pior crise da história brasileira, os bancos tenham continuado a cobrar taxas estratosféricas e, assim, alcançado lucros injustificáveis.
Os três maiores bancos privados do Brasil tiveram lucro conjunto de 50 bilhões de reais em 2017, aumento de 12% em relação a 2016. Enquanto isso, a produção industrial caiu 20% no período da crise.
Não dá para aceitar que as coisas continuem assim, diz Skaf. “Juros altos diminuem o investimento das empresas, afastam as famílias de seus sonhos e emperram o crescimento do país. O crédito a preço justo é uma demanda inadiável.”
Juros baixos são bons para todos: o consumidor pode parcelar suas compras e as empresas podem fazer novos investimentos, gerando emprego e renda. “Chega de engolir sapo! Diga não aos juros mais altos do mundo!”, enfatiza Skaf.