“Nosso papel é chamar todos os partidos de centro esquerda e reafirmarmos uma frente de oposição e da defesa do povo brasileiro. Lula é o candidato de uma parcela expressiva da população brasileira, então cabe a nós e aos movimento sociais proteger e defender essa candidatura”, declarou Gleisi Hoffmanndurante o discurso. Ao abrir a votação sobre a indicação do ex-presidente, todo auditório se levantou e gritou o nome de Lula.
Lula acaba de ser lançado como pré-candidato um dia depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª região deu mais um passo no processo do golpe ao condená-lo em segunda instância. “Essa decisão foi para criar fato político. Eles precisavam ter uma narrativa pra enfraquecê-lo, e seguindo o roteiro, todos os jornalões e a Globo falaram que ele ia ser preso ou não seria candidato. Hoje fiquei surpresa porque alguns disseram que estamos isolados depois dessa decisão. Como alguém com mais de 40% de intenção de voto pode estar isolado?”, afirmou a senadora.
A presidenta eleita Dilma Rousseff abraçou Lula e alertou sobre a importância do povo tomar as ruas para impedir o golpe que, de acordo com ela, está endurecendo a partir do momento que começa a morrer, uma vez que a sociedade alertou para o que está ocorrendo no Brasil.
“A grande disputa nesse país será em outubro. Nós temos que começar acumular forças, nos preparar para alcançarmos claramente nossa possibilidade de vitória em outubro. Isso porque o golpe se radicaliza porque fracassou quando se propôs a enquadrar o Brasil economicamente, socialmente e politicamente”, afirmou Dilma.
Também participaram da reunião os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel; do Piauí, Wellinton Dias; Tião Viana, do Acre; e Rui Costa, da Bahia; os líderes do PT na Câmara, Paulo Pimenta, e no Senado, Lindbergh Farias, assim como o líder da oposição, Humberto Costa, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, o coordenador da CUT, Vagner Freitas e outros dirigentes sindicais.
Programa de governo e caravana
Com o lançamento da pré-candidatura oficializado pelo PT, um grupo coordenado pelo ex-prefeito Fernando Haddad, começa a articular as discussões em torno do programa de governo.
“A pré-candidatura do ex-presidente Lula está sendo colocada hoje para que possamos ter um plano de governo para fazermos melhor que das outras vezes. Essa não é um desafio pequeno porque ele saiu com 86% de aprovação. Também é um desafio enorme governar de novo o Brasil uma vez que o golpe está gerando sequelas no país’, disse Haddad.
De acordo com ele, serão criados grupos temáticos a partir da coordenação do programa de governo com ligações em todos os diretórios estaduais. A previsão é que até o dia 15 de março as propostas tenham sido entregues para ajudar na elaboração do programa.
“A partir daí essa comissão começa a processar e submeter às instâncias partidárias as propostas até o dia 15 de maio, prazo para termos um plano constituído”, disse Haddad. Serão realizadas plenárias presenciais em todos os estados e também pela internet, algumas com a participação do pré-candidato Lula.
Também foram divulgadas durante a reunião da executiva nacional alguns detalhes da quarta etapa do projeto Lula Pelo Brasil, que vai levar as caravanas ao sul do país na última semana de fevereiro. De acordo com o coordenador das caravanas, Marcio Macedo, a viagem começa por São Borja, no Rio Grande do Sul, e passa por Santa Catarina e Paraná.
“Vai ser a caravana da resistência e defesa da democracia. Vamos fazer uma visita ao túmulo de Getúlio Vargas, Jango, Brizola e vamos discutir vários temas como fizemos nas outras etapas, com destaque para educação. Também vamos fazer um alinhamento com o Pepe Mujica e mostrar que não vamos nos intimidar, que o Lula vai continuar rodando o Brasil”, disse Macedo.
Solidariedade e greve nacional
Durante o encontro, governadores, parlamentares e lideranças de movimentos sociais e sindicais se solidarizaram com o ex-presidente e definiram estratégias para os próximos meses. O líder do MST, João Pedro Stédile, deu o tom da resistência que o movimento fará contra a decisão do TRF.
“A classe trabalhadora já escolheu. Por isso, o MST e a Via Campesina vão apoiar Lula para a Presidência da República. Fizemos o acampamento em Porto Alegre e não saímos de cabeça baixa, porque o jogo era deles, não era nosso. Eles (desembargadores) foram didáticos em nos ensinar como o Judiciário é discricionário, antidemocrático e tem lado. Não pensem que vocês (juízes) mandam no país. Nós não vamos deixar que nosso companheiro Lula seja preso. Não precisamos mais de capitão do mato”, disse.
Vagner Freitas, da CUT nacional, já avisou aos empresários, banqueiros e especuladores que comemoraram a condenação que o Brasil tem data pra parar: dia 19 de fevereiro. “Nós vamos desautorizar o TRF. O banqueiro que comemorou a condenação, nós vamos fazer greve no seu banco, o empresário que comemorou, nós também vamos fazer greve na sua empresa. A bolsa pode ter comemorado ontem, mas não comemora mais. O ambiente não está propício para gerar negócios, porque ontem eles jogaram o país em uma instabilidade política”, afirmou.
De acordo com Stédile, o MST também vai participar da greve geral do dia 19, além de mobilizações no dia 8 de março e da adesão ao projeto da Frente Brasil Popular do Congresso do Povo, que serão espaços de debates criados em todas as cidades do país.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, falou sobre sua indignação quanto ao esquema montado entre imprensa, Judiciário e as elites para tirar o direito de Lula ser candidato. “Alguém tem sombra de dúvidas a respeito da relação articulada entre aqueles que financiaram o golpe e grande mídia que já estampava na legenda de manhã o resultado do julgamento e depois, de maneira hipócrita disse que era falha técnica?”.
O senador Lindbergh Farias também classificou o julgamento como “golpe” e falou sobre a reorganização da esquerda no país. “O PT e a esquerda brasileira renasceram. O que vimos em Porto Alegre, na Avenida Paulista, foram muitos jovens na passeata. O golpe deles fracassou”.
Os governadores presentes também acreditam que a resistência nas ruas são a opção nesse momento em que as instituições estão comprometidas. “Houve uma ruptura na Constituição de 88. E quando há ruptura, há luta de classes. Pelo tamanho da luta temos que manter a resistência e organizar ainda mais uma rede mundial de líderes contra a ofensiva neoliberal que tomou também o Brasil”, disse o governador do Piauí, Wellinton Dias.
Da Redação da Agência PT de Notícias