As pessoas que foram favoráveis ao trabalho feito pelos militares disseram que ninguém é obrigado a aceitar o alto barulho das músicas que vinha dos carros. “Por que não colocam esse maldito barulho na casa deles? A gente quer fazer nossas coisas em casa, mas não pode por causa dos bonitões que querem escutar funk e sertanejo a noite inteira”, disse uma andradinense revoltada com a situação. “Parabéns aos policiais. Lugar de vagabundo é na cadeia”, afirmou um outro morador.
Já a parte defensora do encontro de jovens na avenida dizem que falta opção de lazer em Andradina e que essas festas acontecem desde os anos 1990. “Minha mãe falou que vivia na Guanabara no tempo que ela era adolescente, tinha drogas, música alta, racha de carro e muita gente empinando a moto. Aliás, tem policial que na juventude adorava participar dessas competições”, escreveu uma mulher no Facebook. “Agora esse pessoal que reclama esquece que um dia foi jovem”, ressaltou.
A única unanimidade é que ambos os grupos defendem que providências precisam ser tomadas pela Prefeitura. Os moradores pedem a criação de um espaço gratuito para o público jovem se encontrar para dançar e conversar. “Passou da hora. Andradina está virando uma cidade de velho. Não tem nada para os jovens”, afirmou um estudante.
ENTENDA O CASO
Os famosos pancadões de rua que fazem tanto sucesso na cidade de São Paulo chegaram em Andradina e causaram uma grande polêmica entre os moradores. Os mais jovens são defensores dos encontros, enquanto pessoas mais velhas dizem que o alto som atrapalha eles de assistirem TV, conversar e até mesmo dormir.
A polêmica ganhou maior repercussão após a Polícia Militar realizar uma operação na Avenida Guanabara na última madrugada de domingo. Os policiais receberam diversas reclamações sobre o fato de ter 500 pessoas escutando música alta no local, além de haver alguns indivíduos com armas de fogo e usando drogas.
“Tem dia que é impossível sair de casa. Muita gente usando drogas, vomitando depois de tanto beber, o som alto que não deixa ninguém dormir, enfim, sou a favor da ação policial. Aliás, fui uma das pessoas que denunciou o problema”, afirmou um morador. Ele pediu para não ser identificado, pois tem medo que haja alguma retaliação contra sua família.
O caso ganhou enorme repercussão, tendo destaque nos veículos de comunicação de Andradina e região. Policiais comemoraram o fato da operação ter sido um sucesso e garantiram que não vão permitir que festas voltem a ocorrer na Avenida.
Outro lado
Nossa equipe de reportagem procurou alguns jovens que estavam no local no momento da operação. A maioria tem menos de 22 anos e disseram que os policiais exageraram na hora da abordagem, pois havia pouca gente usando drogas.
“Tinham 500 pessoas lá. Aí 10 idiotas usam drogas e todo mundo que fica como os bandidos? Não funciona desse jeito”, disse uma estudante. “É final de semana e o pessoal quer aproveitar com os amigos. Vim aqui com minha galera, ficamos dançando e conversando. Qual o problema?, ressaltou a jovem.
Um rapaz de 27 anos, que não quis ser identificado, falou que os policiais só estão atuando no centro, mas que na parte mais pobre de Andradina o pancadão continuará acontecendo. “Essa ação só acontece em lugar de rico. Quero ver se vão acabar com os bailes na parte que só mora pobre”, afirmou. “Será que só rico quer dormir? Será que só rico se incomoda com gente usando drogas? Será que só rico tem TV em casa?”, ironizou.