DIRETOR DA P1 DE AVARÉ É AFASTADO EM MEIO À PRESSÃO DE LÍDERES DO PCC

Domingo, 24 Setembro 2023 01:01

legenda: Segundo a pasta, tais medidas são planejadas e executadas a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a gestão nos presídios.

 

Antônio Rodrigues dos Santos Filho não é mais o diretor-geral da Penitenciária 1 de Avaré. Ele foi afastado do cargo no último dia 15, em meio a pressões exercidas por chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital) recolhidos naquela unidade.

Além dele, o secretário estadual da Administração Penitenciária, Marcelo Streifinger, coronel reformado da PM, subordinado ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), também trocou o coordenador dos presídios da região noroeste de São Paulo, Carlos Alberto Ferreira Souza.

A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) informou apenas que o servidor Leonardo Erik Pera vai responder pela P-1 de Avaré e que a nomeação dele é uma movimentação de rotina nas unidades.

Segundo a pasta, tais medidas são planejadas e executadas a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a gestão nos presídios.

A SAP informou ainda que Carlos Alberto Ferreira de Souza pediu exoneração por motivos particulares e Jean Ulisses Campos Carlucci ocupará o lugar dele.

Pressão de líderes do PCC

Fontes ouvidas contestaram, na condição de anonimato, a versão da SAP e disseram que a pasta cedeu às pressões do PCC ao afastar o diretor-geral da P-1 de Avaré. Relataram também que o coordenador Carlos Alberto Ferreira de Souza não concordou com tal decisão e colocou o cargo à disposição.

As mesmas fontes afirmaram que o sistema prisional não é quartel e não deveria ser comandado por coronéis, como vem ocorrendo nas últimas gestões, mas sim por policiais penais.

No dia 25 de julho deste ano, presos do PCC cobraram explicações do diretor da P-1 Santos Filho porque a mulher de um preso, ao tentar visitar o marido, foi barrada ao passar pelo scanner corporal. O equipamento havia sinalizado uma imagem suspeita no corpo dela.

A mulher foi levada para um posto de saúde e examinada por uma médica. Nada de ilícito foi encontrado com ela. Os presos do PCC entenderam que a visitante sofreu constrangimento e revista vexatória.

Prisioneiros do Pavilhão 1 passaram a pressionar Santos Filho e foram orientados a retornar às celas. Segundo a direção da unidade, os detentos não cumpriram a determinação, tentaram subverter a ordem e o o GIR (Grupo de Intervenção Rápida), a tropa de elite do sistema prisional, foi acionado.

Os homens do GIR dispararam bombas de efeito moral e balas não letais para dispersar os presos. Oito presidiários ficaram feridos. A SAP alegou que foi necessário o uso moderado da força para controlar a situação na penitenciária.

No dia 15 de agosto, dois juízes-corregedores de Bauru fizeram uma inspeção na Penitenciária 1 de Avaré para apurar se houve excesso por parte dos agentes do GIR. Peritos do IML (Instituto Médico Legal) constataram que seis presos sofreram ferimentos de natureza leve.

O Nesc (Núcleo Especializado de Situação Carcerária), da Defensoria Pública do estado de São Paulo, foi comunicado sobre o episódio e solicitou das autoridades prisionais imagens das câmeras de segurança da unidade, referentes ao dia 25 de julho, para coleta de possíveis provas.

Os defensores ouviram e fotografaram os presos lesionados. Alguns mostraram os ferimentos sofridos. Na versão dos prisioneiros, nenhum deles ofereceu resistência aos homens do GIR. Eles acrescentaram que os agentes chegaram atirando.

Médica ameaçada

O serviço de inteligência da SAP apurou que os presos do PCC ameaçaram matar a médica que examinou a visita, além do diretor-geral Santos Filho e outros funcionários do sistema prisional.

Segundo a SAP, o PCC disponibilizou R$ 250 mil para concretizar o atentado e dado ordens para matar a médica. A pasta apurou ainda que os endereços dos alvos dos atentados foram levantados pela organização criminosa.

Um preso da P-1 de Avaré, apontado como chefe do PCC na unidade, foi acusado de ter repassado as ordens para os ataques e, por determinação da Justiça, acabou internado por 60 dias em castigo no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado de Presidente Bernardes (SP).

FONTE: PORTAL UOL

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