Depois de graduar, pós graduar e doutorar no Rio de Janeiro, o médico, então recém formado, regressara a Andradina em 17 de junho de 1977, trazendo consigo a socióloga Solange Maria Cândida Santiago Castilho Teno, que também acabara de se formar e com quem havia se casado no ano anterior. Solange, como o próprio Fabiano costuma dizer, é “carioca da gema”, por isso, a ideia inicial era a de passar “uns tempos” em Andradina e logo retornar ao Rio de Janeiro, porque, afinal, além de Solange, Fabiano havia se apaixonado também pela Cidade Maravilhosa.
A esposa, contudo, não era a única novidade que o caçula do carroceiro Emitério Castilho Gimenez trouxera à sua terra natal. Com ele, chegava também a experiência do menino sonhador que, candidato à Residência Médica, passara em primeiro lugar em três renomadas faculdades do Rio, local em que aprendera a arte da medicina em tempos nos quais o ouvido e as mãos eram as ferramentas que a tecnologia ofertava.
Aos poucos, Fabiano ganhava a confiança dos pais e das crianças e alcançava o renome de “Tio Fabiano”, epíteto que jamais perdeu, mesmo já tendo se tornado avô. O segredo de tamanha confiança que nem o tempo foi capaz de dissipar é “fazer tudo com amor”.
Do alto de seus 74 anos ele garante ler muito e se atualizar todos os dias para acompanhar os avanços tecnológicos, mas reforça: “fazer com amor é algo que nenhuma tecnologia conseguirá suprir”.
Em Andradina, foram chegando os filhos, quatro Fabianos: Augusto, o agrônomo; Henrique, o advogado; Junior, advogado e responsável pela pecuária da família, e Eduardo, formado em veterinária e em medicina. A popularidade na clínica e hospital rendeu ao “Tio Fabiano” o cargo de vereador mais votado, e quis o destino que de vice-prefeito se tornasse o Chefe do Executivo Municipal de Andradina, de onde saiu com a difícil marca de haver sido um prefeito que não lesionou os cofres públicos.
Ainda no Executivo concluiu e ativou o poço profundo, concluiu e entregou as creches da Vila Mineira e Gasparelli, esta última leva o nome de sua saudosa mãe, Trinidad Castilho Teno, além de reformas de escolas e pavimentação asfáltica, entre outros feitos.
Mesmo tento deixado a política, Fabiano jamais deixou de atender ao chamado de uma criança pobre. Foram 38 anos de atendimento de plantão de fundos, pelo SUS, mas não é só isso, em seu consultório particular, a Clínica Infantil Pequeno Príncipe, mantém um calhamaço de fichas de crianças que ainda atende gratuitamente.
A capacidade e a forma amorosa de atender as crianças e seus familiares com resultados positivos, até mesmo quando outros profissionais já haviam desistido dos casos, ganhou outros estados, como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, de onde rotineiramente chegam crianças, muitas delas, recomendadas por profissionais destas localidades ou indicadas por pais que buscaram e alcançaram o socorro e a cura para seus filhos.
Ao seu lado, a esposa e companheira que, assim como ele, continua desenvolvendo trabalhos sociais, além de haver se formado em Direito e passado a exercer a advocacia pela OAB de Andradina.
O sonho de voltar ao Rio de Janeiro não terminou, mas parece cada vez mais distante, sejam pelas raízes cada vez mais sólidas, seja pela formação do filho Fabiano Eduardo que estagia em seu consultório, ou pelo primeiro neto que também segue os passos do avô e está cursando medicina, mas, principalmente, porque o amor e cuidado pelas crianças continua sendo o mesmo de 45 anos passados.
(colaboração: Sérgio Nunes)