Sem fazer campanha ou abrir a boca, em decorrência das normas da magistratura, o juiz federal Odilon de Oliveira, aparece empatado, na liderança, em pesquisa sobre a sucessão estadual em 2018. Ele empata na liderança com os dois principais nomes, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Conforme pesquisa do Ipems, publicada pelo Correio do Estado, Puccinelli lidera o levantamento, com 25,64%, seguido por Odilon, com 22,47%, e Reinaldo, com 21,83%.
Feita em 48 cidades, com margem de erro de 2,51%, a pesquisa mostra que Odilon tem potencial para vencer a eleição para governador no primeiro turno. O índice é expressivo por vários fatores.
O primeiro é que Odilon ainda não se lançou nem como pré-candidato. Ele só vai colocar a campanha na rua em setembro, quando deixa o cargo de juiz e deve se filiar ao PDT, mesmo partido do filho, o vereador Odilon de Oliveira Júnior, presidente do diretório municipal da sigla em Campo Grande.
O magistrado tem insistido, nas poucas entrevistas sobre o assunto, que poderá disputar o Senado.
Ao contrário do juiz federal, os principais adversários estão em campanha ostensiva. Reinaldo não tem economizado em gasto com publicidade, apesar do rombo de R$ 404 milhões nas contas estaduais, da falta de dinheiro para conceder reajuste aos 75 mil funcionários públicos, do atraso no repasse para a saúde (R$ 40 milhões) e paralisação de obras públicas. Jornais e sites se esforçam para “vender” a imagem de bom gestor do tucano.
Mesmo sem poder financeiro semelhante, o ex-governador André Puccinelli continua as articulações políticas. Ele tem dito aos mais próximos que ainda pode se lançar candidato a governador até dezembro.
O problema do peemedebista e do tucano é a avalanche de denúncias de corrupção que atinge a classe política sem precedentes na história republicana. Puccinelli já chegou a usar tornozeleira por causa da Operação Lama Asfáltica, que apura desvio de R$ 200 milhões e já se tornou a maior ofensiva, até hoje(é bom deixar claro a data), de combate à corrupção em Mato Grosso do Sul.
O ex-governador ainda foi citado nas delações da Odebrecht, por suposta propina de R$ 2,3 milhões, e da JBS, por ter cobrado R$ 112 milhões. Apesar de terem sido homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, as delações ainda nem começaram a ser investigadas.
As denúncias de cobrança de propina também atormentam o governador. Ele foi acusado pela JBS de ter cobrado R$ 38,4 milhões em propina. O caso será investigado pelo STJ, que nem instaurou processo.
O tucano ainda é pode ser investigado pelo escândalo envolvido os curtumes e frigoríficos, que acusam de ter pago propinas ao ex-chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, com o suposto aval do chefe do Executivo.
Odilon ainda não foi chamuscado pelas denúncias de corrupção.
Poderá ter como adversário os pré-candidatos do segundo pelotão. O prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa (PR), foi citado por 5,5%, seguido pelo deputado estadual Coronel David (PSC), com 3,44%, e o presidente da Cassems, Ricardo Ayache.
Waldeli é político e pode sofrer o desgaste da classe política, principalmente, depois de ser “lançado” como representante do grupo político de Puccinelli.
David aposta no potencial de Jair Bolsonaro, que tem toda a família na política, mas se tornou pop ao projetar a imagem de anti político. Atualmente, o deputado federal é o único a rivalizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas para presidente e poderia impulsionar a candidatura do seu aliado no Estado.
Ayache tem a imagem de bom gestor e a campanha ao Senado como recall que podem lhe favorecer na disputa. No entanto, as articulações caminham para ele ser o candidato a senador na chapa de Odilon ou vice versa.
Ainda está longe para o dia da votação, em outubro de 2018, mas a pesquisa já traça o cenário: Odilon é o favorito e vai exigir muito esforço dos adversários para ser batido nas urnas.
No entanto, pesquisa reflete o momento, não é o resultado. A eleição fora de época no Amazonas, com a disputa no segundo turno entre, Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB), mostra que as denúncias de corrupção não estão destruindo a reputação dos acusados, principalmente, sem condenação.
Ou seja, se não for condenado e tiver o nome na urna, todo mundo tem chance.
fonte: o jacare