Polícia Civil de Mirandópolis autua em flagrante por feminicídio sentenciado que matou esposa na Penitenciária Nestor Canoa

Terça, 15 Março 2022 15:33

Mulher é assassinada pelo marido durante visita no presídio em Mirandópolis

Após o ato sexual, o acusado amarrou as mãos da vítima, cortou o cabelo dela com uma tesoura e depois com uma gilete, e a enforcou com uma corda artesanal; ficou com o corpo por 2 horas na cela

 

A autônoma Patrícia Santos Damas Lopes Ribeiro, 31 anos, moradora no conjunto habitacional Dom Pedro II, em São José dos Campos (SP), foi assassinada durante visita na Penitenciária Nestor Canoa, em Mirandópolis (SP), no domingo (14).

O acusado do crime é o marido dela, Wellys Lopes Ribeiro, 35, que cumpre pena na unidade. Ele confessou ter enforcado a vítima, alegando que estava sendo traído por ela.

Segundo o que foi apurado pela reportagem, a mulher deu entrada no presídio para a visita às 8h50. O companheiro dela habita a cela 7, no pavilhão celular 1. A polícia apurou que somente o casal estivera dentro da cela nesta data, pois os demais detentos não tiveram visitas.

O indiciado disse em depoimento que chegou a manter relação sexual com Patrícia, e que os dois trocaram carícias, como sempre faziam. Entretanto, ele suspeitava que estivesse sendo traído pela companheira.

Patrícia Santos Damas Lopes Ribeiro tinha 31 anos (Foto: Reprodução)
 

Traição

Ainda na versão do acusado, na hora do almoço ele questionou a vítima sobre a suposta traição, mas ela teria negado inicialmente. Entretanto, passados alguns instantes a mulher teria confirmado, por isso ele teria tentado enforcá-la com um pedaço de corda artesanal, que acabou quebrando.

De acordo com Wellys, os dois entraram em luta corporal, Patrícia teria tentado enforcá-lo, mas ao ser agredida com um soco no rosto, ela teria caído no chão. Aproveitando-se da queda, ele teria amarrado os punhos da vítima e a deixado sentada na cela.

Ainda, segundo o sentenciado, ele teria voltado a questioná-la sobre a suposta traição e ela teria confessado ter saído com mais de um homem, o que o teria deixado enfurecido. Com a vítima ainda amarrada, o acusado disse que cortou o cabelo dela usando uma tesoura e uma gilete, e depois a enforcou com um pedaço de corda artesanal.

Corpo

Wellys disse à polícia que Patrícia foi morta por volta das 13h, mas somente às 15h, ao término da visita, ele acionou os agentes penitenciários, contou sobre o ocorrido e o corpo dela foi retirado da cela.

Após a Polícia Civil ser comunicada do caso, o delegado Thiago Rodrigues Barroca esteve no presídio acompanhado de um investigador de polícia e tomou o depoimento do acusado, que confirmou todas as informações passadas anteriormente.

Ainda de acordo com a polícia, Wellys contou a companheiros de cela sobre o assassinato e os que foram ouvidos confirmaram confissão. Todos afirmaram que somente o casal esteve na cela durante todo o dia.

Qualificadoras

Diante das informações, o delegado decidiu pela prisão em flagrante do acusado por feminicídio qualificado pelo motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.

“O feminicídio resta configurado, vez que ficou evidente o menosprezo pela vítima e sua condição de mulher, haja vista ter o autor ceifado a vida da vítima por que em sua concepção, ela teria traído sua confiança, e que a mesma deveria seguir suas regras, como se fosse um mero objeto a sua disposição”, cita no despacho.

Quanto ao motivo torpe, o delegado justifica que o crime foi motivado por ciúmes, pois o acusado acreditava que por a vítima ter "saído" com outros homens, ele teria o direito de atentar contra a vida dela, valendo-se ainda de meios cruéis, “vez que antes de matá-la, ainda a humilhou e a torturou psicologicamente, cortando seus cabelos, com tesoura e giletes”.

Por fim, Patrícia não teve chances de esboçar defesa, pois estava amarrada pelos punhos e teria sido colocada sentada ao chão da cela, enquanto sofrias “as agruras” da tortura física e psicológica que culminou com a sua morte.

Perplexidade

O delegado representou pela conversão da prisão em preventiva e após ser ouvido, o sentenciado permaneceu no presídio, onde aguardará julgamento. Ele argumentou que o caso provocou extrema perplexidade, devido aos requintes de crueldade por parte do autor.

“O fato abala sobremaneira a comunidade feminina, vez que praticado contra mulher, que teve sua vida ceifada pelo simples fato de sua condição, que fora subjugada pelo indiciado, acreditando ele que ela fosse sua posse, um mero objeto, a qual teria que viver e seguir suas regras”, cita.

Barroca acrescentou que o acusado fez questão de humilhar e torturar física e psicologicamente a companheira dele no leito de morte, cortando seus cabelos.

Grave

De acordo com o delegado, o crime abala sobremaneira a comunidade local, por se tratar de uma pacata cidade interiorana.

Abala também o próprio sistema prisional, pois o corpo da vítima teria ficado na cela por um período de duas horas, até que fossem retirados todos os visitantes da unidade prisional, pois do contrário causaria tumulto e possível revolta da comunidade carcerária e visitantes.

A reportagem já encaminhou e-mail para a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e aguarda informações sobre os procedimentos que serão adotados com relação ao sentenciado.

 

FONTE: HOJE MAIS 

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