Em Mirandópolis Diretora do Departamento de Finanças e Controle Interno Jéssica Soares

Sexta, 18 Fevereiro 2022 11:08

Formada em Ciências Contábeis pela UFMS, Jéssica Soares, 29, relata que seu primeiro emprego foi como menor aprendiz, aos 15 anos, e desde esse tempo já estava pelos corredores da prefeitura de Mirandópolis.

Conta que seu livro preferido é “Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal”.

 

“e eu tive que entender que se eu quisesse estudar, tinha que ser por conta própria,

pois meus pais não tinham condições de me bancar fora ou pagar uma faculdade para mim.”

 

O programa Menor Aprendiz foi criado pela Associação São José, onde a prefeitura oferecia o curso preparatório e a condição era de o menor estar matriculado regularmente no ensino, estudando de manhã e frequentando o curso a tarde. Após o curso preparatório denominado Meu Primeiro Emprego, “o qual realmente foi o meu primeiro emprego e desde então estou envolvida na prefeitura”.

Começando como mirim fazia serviços bancários, limpava, entre outros serviços. Após o seu contrato de dois anos, foi convidada pelo presidente na época, Antônio Otaviano, para ser secretária da São José e dessa forma ela que era a responsável pela contratação dos mirins.

“Meu pai e minha mãe nunca me deixaram faltar nada, mas também eu nunca tive de sobra.” Contou que teve uma infância muito boa e que mesmo com os desafios, teve que lutar para ter suas coisas, com o pé no chão e realista, “e eu tive que entender que se eu quisesse estudar, tinha que ser por conta própria, pois meus pais não tinham condições de me bancar fora ou pagar uma faculdade para mim.”

“Sempre tem aquelas pessoas que tem sonhos, ‘eu sonho em ser médica, ser atriz’. Eu nunca tive um sonho convicto de falar, eu vou ser isso. Meu sonho nunca foi fazer ciências contábeis, eu sempre fui muito  realista. Preciso me formar em algo que me dê dinheiro, emprego, uma estabilidade financeira, para eu poder ter uma vida confortável, e esse foi o meu pensamento e posicionamento.”

 

“Sou a primeira mulher e negra a ocupar esse cargo.”

 

Desta forma a sorte bateu na sua porta em 2012, quando foi convocada pelo concurso da prefeitura para assumir o cargo de atendente, trabalhando assim no Departamento de Planejamento com o saudoso Cláudio Pascoal (in memorian). Já em junho de 2017, foi convidada para assumir o cargo de diretora financeira do SAAEM – Serviço de Água e Esgoto de Mirandópolis, pela prefeita da época, Regina Mustafa, e logo depois para comandar o Departamento de Finanças do município, através do Dr. Carlos Weverton Sanches no dia 18 de junho de 2019, após uma nova eleição e a troca de prefeitos assumindo o Everton Sodario, permaneceu no departamento. “Sou a primeira mulher e negra a ocupar esse cargo.”

  

Em entrevista ao nosso jornal nos contou os desafios e planos para que o município tenha bons resultados, confira:

DL - Como foi o interesse em fazer ciências contábeis?

Jéssica Soares – O meu interesse pelo curso foi devido ao conhecimento que fui adquirindo aqui na prefeitura quando eu passei no concurso público e comecei a trabalhar, que eu vi como era,  gostei da área, e assim despertou o interesse. Em relação a profissão,  é bem interessante, tenho facilidade de aprender, esta área é dinâmica ,e dá um retorno profissional.

Hoje contador é essencial na área pública, qualquer lugar que você for, é um conhecimento essencial, não encontrando profissional especializado nessa área.

 

DL - Como acontece o desenvolvimento do seu trabalho?

Jéssica Soares – Eu vou começar relatando uma qualidade e um defeito (risos), nada é um mar de rosas então o defeito é que ele é extremamente cansativo, um exemplo eu não consigo tirar férias, o fluxo é bem grande, então cansa muito a mente, tenho que ter muito raciocínio, e com isso tem dias que chego em  minha casa e não quero fazer nada, só olho pro nada, é muito volume de informações trabalhando muito a mente.

 

“O cargo pode até ser me tirado, mas o conhecimento não, e isso  vou levar para

qualquer lugar que eu for vou ter esse conhecimento.”

 

O ponto positivo é a carga de conhecimento, eu não me arrependo de ter feito a faculdade, e de nada que tenha feito em relação ao trabalho, pois a gama de conhecimento que  adquiri é muito grande, pois comparando a outros lugares,  eu aprendi muito, foi uma escola e está sendo. ‘É um setor que procuro sempre estar buscando conhecimento e sei que é um aprendizado que ninguém vai tirar de mim.’

“O cargo pode até ser me tirado, mas o conhecimento não, e isso  vou levar para qualquer lugar que eu for vou ter esse conhecimento.”

 

DL – O que contribuiu para o fechamento financeiro positivo das contas do município nos últimos 2 anos, somando um superávit de mais R$8 milhões, valores antes nunca vistos?

Jéssica Soares – Numa empresa pública não tem lucro nem prejuízo, no nosso cenário temos o superávit ou déficit, onde superávit é receber a mais do que foi gasto, teoricamente um lucro, e o déficit é gastar mais do que recebeu ou então o famoso prejuízo. Portanto o que ocasionou isso nos anos de 2020 e 2021 foi a existência de um orçamento enxuto o qual estava sendo desenvolvido, com poucas pretensões de receitas, que em decorrência da pandemia, aumentaram significativamente, com grandes repasses por parte do Governo Federal aos municípios, e assim começamos a receber bastante receita, fazendo com que nosso gasto fosse bem menor ao valor arrecadado. No entanto nós também tivemos um gasto significativo com saúde, porém não foi proporcional a esse recebimento, com o estouro da pandemia. Além disso, muitos serviços não foram ofertados, como o transporte universitário e da educação regular do município, que em decorrência da falta de aula, não tivemos pagamento de horas extras aos profissionais ligados à educação, as contas de energia das escolas ficaram bem abaixo da média gasta, entre outras despesas economizadas. Em contrapartida na saúde houve um investimento muito grande, com EPI’s, horas extras dos funcionários, remédios, entre outros, porém mesmo assim o gasto ainda foi menor se comparado ao recebimento, isso em 2020. E mesmo com o aumento do orçamento, para o ano de 2021, ainda conseguimos ter superávit, em decorrência dos valores recebidos através de emendas parlamentares, conquistadas em sua maioria pelo poder executivo. O que também ajudou muito, foi a contenção de despesas, fazendo com que, apenas os serviços essenciais fossem objeto de gastos.

"Gostaria muito que houvesse esse interesse do munícipe."

DL – Como é realizada a divisão de gastos para cada departamento?

Jéssica Soares – O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sempre recomenda que, a elaboração do orçamento público seja efetuada de forma participativa. Aqui o máximo que conseguimos aplicar com participação é o planejamento dos responsáveis por cada departamento, demonstrando quais vão ser as prioridades para o próximo ano.

Infelizmente não conseguimos elaborar um orçamento participativo com a população, mesmo com a realização de audiências públicas, que na maioria das vezes, ficam vazias.  Já tentamos realizar em horários compatíveis com o comercial, anunciamos e divulgamos, nem mesmo nas as audiências online (elaboradas em decorrência da pandemia) conseguimos um bom número de visualizações. Gostaria muito que houvesse esse interesse do munícipe.

Antes o Departamento de Finanças era responsável em administrar tudo, desde a gestão os gastos até os pagamentos, porém atualmente, com o envolvimento mais ativo de cada diretor na responsabilidade dos gastos, cada um faz seu planejamento do ano subsequente, indicando quais ações serão desenvolvidas, fazendo com que o orçamento fique mais perto da realidade.

 

DL – A compra dos ares-condicionados e as demais despesas investidas na educação em 2021 foi através do dinheiro do FUNDEB?,

Jéssica Soares – Todos esses investimentos foram custeados através do dinheiro do FUNDEB, que é o Fundo da Educação Básica, formado através da retenção de parte de todo recurso que vem transferido do governo federal e do estado, as famosas “transferências constitucionais”, que é o IPVA, ICMS, FPM entre outros.

Com o recurso do Fundeb somos obrigados a aplicar 70% com os professores (educação básica do município), e 30 % com outras despesas. Como houve um grande recebimento de receita, quanto mais a gente recebe mais retém do FUNDEB. Com a folha dos professores sempre gastamos acima do percentual mínimo, chegando às vezes quase a 100%, então não tivemos a preocupação de cumprir os percentuais mínimos estipulados em lei, como aconteceu com outros os municípios. Sendo assim o valor remanescente foi investido integralmente na compra de materiais e equipamentos para o ensino, não tendo sobra de recurso, evitando assim uma futura reprovação de contas por parte do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, pois esse recurso deve obrigatoriamente ser gasto dentro do ano.

Com a impossibilidade de aplicar no pagamento dos professores, já que já cumpríamos o estabelecido em lei, o Departamento de Educação, representado pela Diretora responsável pela pasta, aplicou o recurso em investimentos, comprando ares-condicionados, climatizadores, lousas de vidro, entre outros materiais e manutenções nas escolas, para a melhoria do atendimentos dos alunos, professores e gestores.

Jéssica afirma que tem buscado inovações para o Departamento de Finanças do município, a fim de aperfeiçoar os serviços ofertados ao munícipe, através da gestão eficaz do orçamento de cada departamento, na aplicação sempre em conjunto com o Departamento de Fiscalização, numa fiscalização mais concreta, fazendo com que comerciantes formalizem os seus estabelecimentos, parcelando e estimulando cada munícipe a quitar seus débitos perante a prefeitura, como o REFIS aplicado em 2021. Temos tentado de todas as formas ajudar a população.

 
 
FONTE: DIÁRIO LABOR 

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