Preso é estrangulado e tem pescoço cortado na Penitenciária de Andradina

Quinta, 17 Fevereiro 2022 02:00

Foi preso por esfaquear a própria mãe; colegas de cela disseram que o mataram porque para a facção à qual pertencem esse tipo de crime deve ser punido com a morte

 

João Paulo Santos Oliveira, 24 anos, foi assassinado na noite de segunda-feira (31), na penitenciária de Andradina (SP). Foi o terceiro homicídio de detento nesta unidade em um ano. A reportagem apurou que ele havia sido preso em dezembro do ano passado, acusado de esfaquear a própria mãe, em Ubatuba, no litoral paulista. 

Três colegas de cela assumiram a autoria do crime, sob argumento de que na facção à qual pertencem, a “Cerol Fininho”,  esse tipo de crime deve ser punido com a morte.

De acordo com o que foi apurado, Oliveira estava na cela 3, onde um agente de segurança penitenciária foi chamado pelos detentos por volta das 21h. Assim que chegou à cela, ele foi abordado por três detentos, que informaram que o haviam estrangulado até a morte.

O diretor de segurança da unidade prisional foi comunicado, ordenou que a área fosse isolada e preservada e que os colegas de cela de Oliveira fossem colocados em uma ala separada.

Morte

A perícia foi acionada e a vítima foi encontrada caída no chão da cela, com o pescoço cortado com um cordão, e já sem vida. Ainda de acordo com o que foi apurado, nessa mesma cela havia sete presos, mas apenas os três assumiram a autoria do crime, sem informar a motivação.

Ao ser comunicada, uma equipe de plantão da Polícia Civil foi até à penitenciária e interrogou os detentos que se apresentaram como autores do homicídio.

Pena de morte

Segundo o que foi relatado, eles afirmaram que devido a Oliveira ter esfaqueado a mãe dele, deveria ser morto por tal crime ser considerado um fato grave na facção Cerol Fininho, a qual pertencem, e que deve ser punido com a morte.

Os três devem ser indiciados por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de asfixia. Como eles já se encontram custodiados na penitenciária, permaneceram à disposição da Justiça.

Os três foram escoltados com apoio da Polícia Militar até o IML (Instituto Médico Legal) de Andradina para exame de corpo de delito. O corpo de Oliveira também foi encaminhado ao IML para exame necroscópico antes de ser liberado aos familiares.

O delegado que presidiu a ocorrência representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, citando que os acusados não apresentaram qualquer sinal de arrependimento. 

SAP afirma que penitenciária de Andradina recebe presos não vinculados a organizações criminosas

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informa que a direção da penitenciária de Andradina abriu Procedimento Apuratório para checar as circunstâncias da morte de João Paulo Santos Oliveira, na noite de segunda-feira (31).

A pasta confirma que ele tinha sinais de estrangulamento, um corte na garganta e que outros três colegas de cela confessaram o crime. Ainda de acordo com a secretaria, eles teriam discutido após Oliveira admitir que havia matado a mãe a facadas, o que não teria sido aceito pelos demais.

Apesar de a reportagem ter apurado que os autores do crime alegaram que a morte se deu porque a facção criminosa na qual eles fazem parte não tolera esse tipo de crime, a SAP afirma que a penitenciária de Andradina custodia detentos não vinculados a organizações criminosas.

“Quando chegam ao presídio, todos os reeducandos passam por entrevista detalhada quanto ao perfil e depois são direcionados aos pavilhões habitacionais”, informa em nota. A Pasta acrescenta que foi acionada a perícia e feito boletim de ocorrência.

Passagens

Ainda de acordo com a secretaria, Oliveira tinha passagens no sistema prisional desde 2015 e deu entrada na penitenciária de Andradina em 22 de dezembro, transferido do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caraguatatuba.

A prisão dele em flagrante se deu em 4 de dezembro, por feminicídio. Naquela noite policiais militares foram acionados para atender ocorrência de agressão cometida pelo filho contra a mãe e encontraram a vítima caída na rua, na frente da casa dela, cercada por populares.

Enquanto aguardavam a chegada do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), os policiais foram informados que o autor do crime era o filho da vítima, que estaria no interior da residência, onde ele foi encontrado escondido e preso em flagrante.

Segundo a polícia, a vítima, que estava com 44 anos, foi socorrida inconsciente e foram constatadas três perfurações por faca na região abdominal, uma delas mais profunda. Também havia cortes no braço esquerdo, no queixo e um ferimento na cabeça da mulher, possivelmente provocado por uma pedrada. A reportagem não conseguiu confirmar se a mulher sobreviveu.

Agressão

Em agosto de 2019 a mulher havia registrado um boletim de ocorrência de agressão contra o filho, que de acordo com ela era dependente químico, já havia sido preso por tráfico de drogas e estaria em liberdade condicional na época.

Segundo a mulher, ele apresentava comportamento estranho devido ao uso excessivo de drogas e, na ocasião, ela foi acordada por ele, que dizia coisas desconexas e a agrediu com um tapa no rosto, causando sangramento no nariz.

Na ocasião a mãe de Oliveira relatou que temia que as reações dele se tornassem cada vez mais violentas.

Penitenciária de Andradina soma 3 assassinatos em 1 ano

O assassinato de João Paulo Santos Oliveira, 24 anos, na noite de segunda-feira (31), foi o terceiro em pouco mais de um ano na penitenciária de Andradina.

Em 4 de janeiro de 2021, Bruno Mathias Pires, 25, de Bragança Paulista, foi morto com golpes de uma faca improvisada por um colega de cela. Naquela manhã agentes penitenciários perceberam um desentendimento entre os detentos, que estavam sozinhos na cela e surpreenderam o autor golpeando a vítima. Ele alegou que havia sido ameaçado.

Após os agentes separá-los, o autor voltou a atacar a vítima, parando apenas ao ser desarmado pelos agentes. Pires chegou a ser levada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas não sobreviveu.

Canibal

Em 17 de novembro, o sentenciado Geovane José da Silva, 30, conhecido como “Canibal” , matou o colega de cela dele, Julian Fernandes Nunes Queiroz, 25, conhecido como Pitbull, esganado, aplicando o golpe conhecido como "mata-leão" .

Nesse caso os agentes policiais penais foram chamados por presos da Cela do Seguro e informados que um deles havia sido assassinado. Queiroz foi encontrado já sem vida e Canibal confessou a autoria do crime, que teria sido motivado por uma discussão em razão do lugar onde a vítima iria dormir.

Na ocasião o acusado disse que já havia matado outros três colegas de cela e respondia a processos por esses crimes.

 

FONTE: HOJE MAIS 

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