A sua carreira foi interrompida em setembro de 1994, quando foi exonerado no governo de Luiz Antônio Fleury Filho, mesmo sendo absolvido em processo administrativo. Agora, doutor Timóteo vai retomar a carreira. Inicialmente vai atuar na Delegacia Seccional para inteirar-se da rotina, pois houve mudança. Depois deste processo de treinamento, estará apto a desempenhar a sua função. “Não guardo mágoa e nem tristeza”, diz Timóteo, que é casado e tem uma filha de 7 anos.
Filho de Diógenes Bispo dos Santos, que foi escrivão por 40 anos e depois atuou como advogado, Eugênio primeiro formou-se em técnico em contabilidade. Aos 18 anos instalou uma autoescola e depois, tornou-se despachante policial, em concurso com mais de 5 mil candidatos. Para exercer foi preciso ser emancipado pelo pai. Em 1978 formou-se em Direito na Toledo – oitava turma.
Depois de tentativas, sempre com boas notas na prova escrita, mas problemas na prova oral, Pedro Eugênio foi aprovado no concurso para Delegado de Polícia. Depois do curso na Academia de Polícia, autou em delegacias de São Paulo (terminal rodoviário) e Cidade Tiradentes. Depois veio para a região, atuando em Guaraçai, desenvolvendo trabalho na cadeira feminina e Luiziânia, onde realizou trabalho de combate ao alcoolismo. Depois chegou a Araçatuba, onde foi diretor da cadeia.
Durante a campanha eleitoral de 1994, assumiu seu apoio a Mário Covas, que na época enfrentou o candidato do governador. Em setembro de 1994, Pedro Eugênio foi exonerado. Quando ainda estava em São Paulo, houve denúncia de prevaricação – que é o crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa.
O que chamou a atenção é que a sindicância administrativa não constatou irregularidade e foi absolvido no processo administrativo. Mesmo assim, contrariando até mesmo posicionamento da cúpula da Polícia Civil, a exoneração foi mantida. Timóteo teve barrada a sua carreira.
Enquanto retomava a sua vida, como despachante policial e advogado, decidiu recorrer à Justiça. Foram longos 26 anos e muitas noites sem dormir buscando uma explicação para tudo que estava ocorrendo. Enfrentou a situação com a mesma tranquilidade que conduziu a sua vida. Trabalho para que a justiça mudasse a decisão de “falta de provas” por “negativa de autoria”. Algo que parece simples, mas que faz muita diferença. Segundo ele, milhares de servidores são exonerados e não conseguem retornar, mesmo não tendo condenação. Em seu caso, além da absolvição na esfera admiunistrativa, também o foi no judiciário.
VITÓRIA
Depois de muitas decisões na Justiça, Pedro Eugênio recebeu com entusiasmo a sua reintegração publicada no Diário Oficial de Sábado. Se apresentou nesta segunda-feira. Ele está confiante de que logo estará pronto para assumir plenamente as suas funções e deve trabalhar mais alguns anos até se aposentar. Espera, também, as promoções que teria ao longo da carreira.
Além de ser reintegrado ao posto, o delegado Pedro Eugênio terá direito aos salários que deixou de receber ao longo dos 26 anos. Estima no total 390 salários, pois tem as férias e licenças-prêmios. A estimativa é que deve receber algo em torno de R$ 10 milhões.