Apontados na Operação Raio X, prefeitos de Birigui e Penápolis perderão o foro privilegiado

Quarta, 25 Novembro 2020 14:11

Inquérito que investiga suposta participação deles esquema de desvio de dinheiro público da área da Saúde está no TJ-SP e deve voltar para a primeira instância

 

Cristiano Salmeirão tentava a reeleição no domingo, mas ficou em segundo lugar (Foto: Divulgação)
 
 

Os prefeitos das cidades paulistas de Birigui, Cristiano Salmeirão (PTB), e de Penápolis, Célio de Oliveira (sem partido), concluirão seus mandatos no final deste ano. Os dois são investigados na Operação Raio X, deflagrada pela Polícia Civil de Araçatuba no final de setembro. Por possuírem mandatos eletivos, eles têm foro privilegiado.

O inquérito que apura a participação deles no suposto esquema de desvio de dinheiro público da área da Saúde por meio da OSS (Organização Social de Saúde) Irmandade da Santa Casa de Birigui foi enviado ao TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que decretou segredo e bloqueou o acesso ao conteúdo da investigação.

Célio de Oliveira está no segundo mandato e também deixa o cargo no final do ano (Foto: Lázaro Jr./Arquivo)
 

Eleições

Salmeirão não conseguiu se reeleger na eleição de domingo (15) e Célio de Oliveira já está no seu segundo mandato. Assim, ambos deixarão os cargos em um mês e meio.

Sem o foro a partir de janeiro, esses inquéritos que foram desmembrados devem retornar para a primeira instância e o conteúdo da investigação poderá ser liberado, com exceção das provas obtidas durante a investigação.

O único investigado que continuará com o foro privilegiado é o deputado estadual Roque Barbiere (PTB), o Roquinho.

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Em fevereiro, a Polícia Civil cumpriu vários mandados de busca e apreensão; endereços do vereador Vadão da Farmácia foram visitados e objetos apreendidos (Foto: Lázaro Jr./Arquivo)
 

Vereador

A reportagem apurou que o vereador de Birigui Valdemir Frederico (PTB), o Vadão da Farmácia, continua sendo investigado. Ele concorreu nas eleições de domingo, recebeu 739 votos e ficou com uma das 15 cadeiras da legislatura de 2021 a 2024.

Em 6 de fevereiro, equipe da Polícia Civil cumpriu vários mandados de busca e apreensão em Birigui e um deles foi em endereços ligados ao parlamentar. Os policiais estiveram na casa e no gabinete de Vadão na Câmara. Foram recolhidos computadores, celulares e documentos.

As informações relativas à suposta participação dele também estão no inquérito que permanece no TJ-SP. Segundo o que foi apurado pela reportagem, quando o tribunal enviar esse inquérito de volta para Araçatuba, será retomada a investigação.

Repercussão da Operação Raio X afastou eleitores, na visão dos prefeitos

Tanto o prefeito de Birigui, Cristiano Salmeirão, como o de Penápolis, Célio de Oliveira, entendem que a repercussão da Operação Raio X teve reflexo no resultado das urnas no último domingo (15).

O primeiro tentava a reeleição, mas ficou em segundo lugar, com 7.124 votos a menos que o prefeito eleito, Leandro Maffeis (PSL). O segundo apoiava a candidatura do atual vice-prefeito, que foi derrotado por pouco mais de 400 votos de diferença.

Não foi intimado

Sobre a investigação, Salmeirão disse ao Hojemais Araçatuba que desde o início se colocou à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento e afirmou que não há nada contra ele.

“Na verdade, ainda não tomei conhecimento de qualquer tipo de acusação. Não existe ação contra mim. Sem dúvidas o assunto foi responsável pelo resultado das urnas”, argumentou.

Fez muito

O prefeito de Birigui comentou que tem convicção de ter feito mais do que muitos imaginavam ser possível nesses quatro anos à frente da administração municipal. Sobre perder o foro, ele disse que isso não muda nada na vida de quem não deve nada em relação a qualquer imputação.

“Quando aparecer, se é que vai aparecer, a defesa será no objetivo de provar que nada tenho de participação em qualquer que seja o apontamento negativo”, explicou.

Sem proteção

Célio de Oliveira também declarou que o foro não protege ninguém e lembrou que não era candidato a cargo eletivo nessas eleições.

“Tenho consciência tranquila sobre o assunto. Sobre a eleição, a diferença aqui foi muito pequena; nem existiu diferença. Evidente que a forma como foi explorado o tema (Operação Raio X) afastou eleitores, mesmo Feltrin e Benoninho (candidatos a prefeito e vice) não tendo nada a ver com o assunto”, afirmou.

Abstenções

Na opinião dele, a abstenção recorde também influenciou muito no resultado das urnas e apenas parte da população reconheceu o trabalho feito nos oito anos de mandato dele. A eleição em Penápolis teve 31,7% de abstenção, 4,8% votos brancos e 7,08% votos nulos.

“Uma parte da população não reconheceu o trabalho transformador que fizemos na cidade; mudamos a cidade. Tivemos oito anos de realizações e conquistas”, argumentou.

Comissão Processante

Na semana passada, a Câmara de Penápolis aprovou a instauração de uma CP (Comissão Processante) que pede a cassação do mandato do prefeito, por conta de ele ser investigado na Operação Raio X.

Sobre isso, Célio de Oliveira disse que se trata de um ato político da oposição. “Meus advogados estão verificando inclusive o rito que se deu, porque houve exploração política em algo que corre em segredo de Justiça, com claro prejuízo eleitoral, num pleito decidido por pouquíssimos votos”, concluiu.

 

fonte: Hoje mais 

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