PM de prefeito candidato à reeleição em Três Lagoas (MS) tenta coagir jornalista

Segunda, 02 Novembro 2020 09:45

A jornalista Juliana Vilas Boas, do município de Três Lagoas, no interior de Mato Grosso do Sul, diz estar sendo perseguida pela Polícia Militar a mando do Prefeito Angelo Guerreiro (PSDB), o qual é candidato à reeleição no município e não aceita críticas feitas contra ele em jornal produzido pela proprietária do site Rede News.

Ela denuncia que teve edição imprensa de seu conteúdo jornalístico apreendido em ação do 2° Batalhão de Polícia Militar do município no último dia 24 de outubro sob acusações falsas contra o material.  

Na ocasião da apreensão, um jovem distribuía exemplares de jornal no município no último dia (24.out), no início da noite e acabou inteceptado pela PM. A polícia classificou o horário de entrega de jornal como “avançado horário” e conduziu o rapaz à delegacia sob o argumento de que a ação configurou-se: “Difamação à alguém, na Propaganda Eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe Fato Ofensivo a sua reputação”, no caso o prefeito, atual patrão dos militares.

A jornalista denuncia ainda, que não satisfeitos com tal atitude, os militares chegaram a ir até sua residência em viatura. O que para ela, foi uma tentativa de cercear o seu livre direito de expressão. “Venho fazendo o site há quase 2 anos. O Angelo Guerreiro tem muitos processos investigativos contra ele. O site já tinha o projeto de fazer o impresso. Fiz agora, 15 mil exemplares. Paguei pessoas para entregar, também entreguei para presidentes de partidos. Dessas edições não teve problema nenhuma. Eles podem ter armado essa emboscada contra o rapaz, para incriminar outro candidato, o Fabrício Venturoli (Republicanos). Não sei se isso é verdade, mas isso, o rapaz contou no Boletim de Ocorrência. O jornal não tem nada a ver com isso e está sendo perseguido”, disse.

O Prefeito e candidato a reeleição, Angelo Guerreiro (PSDB) enaltece os serviços de atendimento da PM à população de Três Lagoas - 5 de março - 2020. Foto: Assessoria/PMTL 

Ainda segundo a jornalista, haviam no momento da apreensão do rapaz, duas pessoas que não foram citadas no boletim, isso é omitidas. “Um secretário da administração e um vereador chamado Celso Yamaguti (PSDB) teriam acuado ele [o rapaz] para ele falar quem o deu os jornais, assim o rapaz falou que foi um tal de ‘Genivaldo’. Três Lagoas tem uma imprensa comprada. O Rede News se não for o único, é um dos poucos independentes. Eu só trouxe constatações e investigações contra o prefeito que estão na Justiça Federal e no Ministério Público. E outra coisa, eles enviaram um camburão à minha casa, mas não há investigação contra mim de forma legal, eles estão tentando me perseguir dessa maneira, tentando me pôr medo”, relatou a jornalista. 

Expediente do Rede News. Foto: Reprodução

Ainda segundo ela, não há nada ilegal na edição do jornal impresso do dia 24 de outubro. Apesar disso, esse é o crime colocado no boletim de ocorrência, onde alegam faltar os dados do expediente. “O jornal tem expediente, tem telefone, tem e-mail, as tiragens... Tudo conforme a Lei Eleitoral pede”, rebateu. 

Procurada, a assessoria de imprensa da campanha do candidato a prefeito no município pelo republicanos, Fabrício Venturoli rebateu a acusação de que ele seria o responsável pela contratação do rapaz preso pela PM três-lagoense. “Não foi o Fabrício, mas nós compartilhamos nas redes sociais as informações do site. O prefeito fez contrato milionário, onde foi proibido debate, proibiu qualquer tipo de publicação em veículos de comunicação. Estão usando a máquina pública para calar a imprensa independente. Foram proibidas entrevistas...", revelou.

Esse é Fabrício Venturoli - Foto: Reprodução/Redes 

Ainda segundo a coordenação de Venturoli, após o evento, ele tiveram acesso a um exemplar da edição do jornal do dia 24 de outubro e não encontraram os erros indicados no boletim. "O jornal está dentro dos padrões. O que ela fez foi juntar boa parte das denúncias que existem contra o prefeito e colocar no jornal. Eu, se eu tiver esse material na mão, como coordenar de campanha do candidato da oposição, vou compartilhar porque é um produto sério", finalizou. 

MS Notícias entrou em contato com assessoria de imprensa da prefeitura, que disse não poder falar pelo candidato a reeleição Angelo Guerreiro. A assessoria orientou que fossem procurados os advogados da campanha de Guerreiro. 

A reportagem tentou falar com a assessoria da PM do município, que disse que retornaria o contato, mas não ocorreu até a publicação desta reportagem.

O site deixa aberto espaço para futuros posicionamentos.

 

 

FONTE: msnoticias

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.