Advogado de 46 anos, ele vivia no Canadá, mas já havia planejado voltar ao Brasil e viver em sua cidade natal, Pereira Barreto, a partir de 2020. Desde que chegou no município, no entanto, está confinado com sua esposa e filho, em quarentena obrigatória para quem chega de viagens internacionais.
No texto abaixo, Kokão conta com exclusividade ao Fatos Regionais como tem sido os dias de quarentena, desde que chegou à cidade, na última segunda-feira (16). Confira:
Depois de passar quase um ano longe da família e dos amigos, torcíamos para que a viagem de volta ao Brasil fosse tranquila. E foi.
Mas, do caminho de casa que fica no centro de Toronto até o aeroporto, já se notava algo diferente no ar. As ruas, agora menos movimentadas, já permitiam um fluxo mais tranquilo e a chegada até o aeroporto se fez mais rápida que o esperado. Surpresa maior ocorreu quando adentramos no aeroporto e nos deparamos com os guichês quase vazios, sem filas, algo tão sonhado para quem viaja bastante, mas nunca visto.
Mesmo assim, era possível ver o desfile de máscaras. Tinha de todos os tipos e cores. Absurdos à parte, era possível ver que umas até combinavam com a roupa de quem estava usando, embora não fosse essa a recomendação da OMS.
Enfim...voo para o Brasil lotado e, apesar de todos se olharem com desconfiança e da constatação de que o medo da turbulência tinha cedido lugar ao pânico por cada espirro ou tosse vindos de quem fosse, tudo transcorreu normalmente.
Até então, não havíamos sentido o efeito da chegada do COVID-19 no Brasil. Mas a apreensão no rosto das pessoas denunciava uma surpresa desagradável à frente. E elas não estavam erradas.
Já no Brasil, viemos direto para Pereira Barreto. Mas, antes mesmo de dar entrada no condomínio onde moramos, fomos avisados por uma amiga, via celular, de que os moradores do prédio, na maioria idosos, estavam receosos com a nossa chegada.
Resumindo, hoje, todos os passos da minha família estão sendo monitorados por cada morador do prédio. Sem exageros, a sensação é de que chegamos de outro planeta. Estamos em quarentena, praticamente em prisão domiciliar, mas aguardando melhores notícias e esperando que no fim de tudo, todos saibam que não abduzimos ninguém.