Nem o mais esperançoso dos brasileiros poderia esperar também que, quando este dia enfim chegasse, seu impacto seria ainda maior do que o previsto, a ponto de reverberar pelos quatro cantos do mundo com um grito de esperança em meio à barbárie.
O fato é que, entre céticos e esperançosos, entre o que passou o que estará por vir, este dia enfim chegou. E a história, por óbvio, tratou logo de eternizá-lo: Luiz Inácio Lula da Silva está livre.
Passava das 17h40 quando a confirmação de que Lula deixaria o cárcere político ainda nesta sexta-feira (8) chegou. Minutos depois, veio o testemunho ocular. Acompanhado de assessores, advogados, aliados e familiares, Lula caminhava com a serenidade que só os inocentes carregam para colocar em prática o que prometera 580 dias antes: ir de encontro à Vigília que carrega seu nome.
“Vocês são o significado de eu estar junto com vocês durante a minha vida inteira. Vocês foram o alimento que eu precisava para resistir”, declarou Lula, logo após agradecer nominalmente todos aqueles que transformaram a Vigília Lula Livre num dos símbolos mais emblemáticos da luta pela democracia no país.
Já não havia mais espaço para os céticos. Já não havia mais como desanimar os esperançosos. “Eu saio daqui sem ódio. Estou com 74 anos e meu coração só tem espaço para o amor. Não é o ódio que vai vencer. É o amor”, reitera o ex-presidente.
Logo em seguida, Lula fez questão der elembrar um dos seus lemas que, agora, ganha contornos ainda mais proféticos. “Eles têm que saber que um nordestino que nasceu em Garanhuns e que só veio a comer um pão aos sete anos de idade e não morreu de fome, não tem nada que vença”.
Eles, para quem ainda tem dúvidas, são os que levaram a cabo um projeto de poder assumidamente antipovo que só seria possível com Lula longe das ruas. E são eles que agora terão de encarar de frente os milhares de brasileiros e brasileiras que lutaram por sua liberdade.
Agora livre, Lula sabe que ainda há um longo caminho para devolver o Brasil para os brasileiros. Mas não só: não haverá um minuto sequer de trégua até que o seu julgamento seja anulado e os seus algozes responsabilizados pelos crimes que cometeram contra ele.
“Eles não prederam um homem. Eles tentaram matar uma ideia. Mas uma ideia não se mata. Uma ideia não desaparece. Eu quero lutar para provar que existe uma quadrilha para tentar criar uma imagem de que o Lula era bandido. Se pegar Moro, Dallagnol, e alguns delegados da Polícia Federal, botar um dentro do outro e bater no liquidificador não dá 10% da minha inocência”.
Neste sábado (8), Lula estará de volta a São Bernardo do Campo para seu primeiro grande ato desde 7 de abril de 2018, justamente no local em que se esteve com o povo pela última vez. O tempo em que passou na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba não deixará saudades. Mas o sentimento de agradecimento por todos os que fizeram de tudo para estarem ao seu lado será impossível de apagar da memória.
“Eu quero que vocês saibam que eu saio com o maior sentimento de agradecimento que um ser humano pode ter. Eu não tenho mágoa de ninguém. Eu só quero provar que este país tem jeito”.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias