O governador de São Paulo, João Doria, tinha a opção de viajar da capital paulista até Miami sem escalas enquanto era dono de um Legacy 650, aeronave com autonomia de voo que supera os 7 mil quilômetros.
Ainda teria como levar outros 13 passageiros acomodados em três zonas de cabine e assentos reclináveis.
No entanto, Doria vendeu seu jato particular por valor estimado em US$ 10 milhões, conforme noticiou nesta terça (11) a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a empresa Eucalipto Brasil S.A é quem atualmente opera a aeronave de prefixo PR-JDJ - uma referência às iniciais do ex-proprietário: João Doria Junior. ÉPOCA não obteve contato com a companhia até a publicação desta reportagem.

O Legacy 650 começou a ser fabricado em 2010 pela Embraer com foco no público executivo. O modelo é uma atualização do Legacy 600 e teve o preço estipulado em cerca de US$ 30 milhões no período do lançamento.
A aeronave é equipada com Wi-fi, cobertura global para ligações e telas de alta definição. Conta também com um compartimento de bagagem acessível durante o voo e materiais sofisticados de isolamento acústico. De acordo com a Embraer, o interior pode ser personalizado conforme exigências do cliente.

Com motores mais potentes, o jato atinge até 987 km/h, embora seja comum manter a velocidade de 810 km/h em voo de cruzeiro, etapa entre o final da subida e o início da descida.
O Legacy 650 de Doria foi adquirido a juros subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O governador chegou, por exemplo, a fazer uma visita ao papa Francisco e a ir a um evento de Gilmar Mendes em Lisboa com o avião particular.

Em agosto do ano passado, BNDES divulgou uma lista de 134 contratos assinados entre 2009 e 2014 para financiamento de jatos executivos da Embraer, num total de R$ 1,921 bilhão. No caso de Doria, o empréstimo foi de R$ 44 milhões, firmado com a Doria Administração de Bens. Luciano Huck também foi beneficiado com o programa.
De acordo com o BNDES, o subsídio custou R$ 693 milhões em valores corrigidos.
Após a divulgação, o presidente Jair Bolsonaro acusou Doria de "mamar" na era PT e o chamou de "amigão do Lula e da Dilma".
FONTE: ÉPOCA