Em seguida, ele determina que o caso seja investigado pela Procuradoria Geral da República devido ao foro do governador. “Preliminarmente, considerando a moldura fática apresentada, bem como a necessidade de aprofundamento nas investigações, defiro a delegação de competência requerida pelo Ministério Público Federal”, determina.
Inicialmente, o caso só era investigado pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, conhecido como “xerife” do Ministério Público Estadual. Conforme a denúncia, o advogado Rodrigo Souza e Silva, filho de Reinaldo, contratou uma quadrilha para recuperar a propina paga a Polaco.
O roubo ocorreu no dia 27 de novembro do ano passado. Segundo o comerciante Ademir Catafesta, os bandidos roubaram o carro e R$ 9 mil em dinheiro na BR-262, entre Campo Grande e Aquidauana. Os integrantes da quadrilha foram presos pelo Batalhão de Choque.
No entanto, o chefe do grupo, o aposentado Luiz Carlos Vareiro, 61 anos, que seria “laranja” na construtora Ciacom, o roubo teria sido encomendado por Rodrigo e o malote tinha R$ 270 mil em espécie.
Com a deflagração da Operação Vostok, na quarta-feira passada, Fischer fez novas revelações no despacho, como a de que Vareiro teria revelado que o plano do filho do governador era matar Polaco.
O corretor de gado, que foi flagrado recebendo R$ 30 mil em propina, estaria ameaçando fazer delação premiada contra os integrantes da suposta organização criminosa. Para acabar com o problema, conforme o ministro do STJ, o filho do governador planejava eliminar o infiel.
Agora, em novo despacho, o ministro revela que Reinaldo também passa a ser investigado pela suposta armação contra Polaco, que está preso desde segunda-feira na Polícia Federal em Brasília.
Polaco foi um dos 14 que tiveram a prisão temporária decretada na Operação Vostok. Rodrigo deixou a prisão no domingo, junto com notáveis, entre outros, o primeiro secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Roberto Teixeira, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Monteiro.
Eles são acusados, junto com Reinaldo, de integrar organização criminosa que recebeu R$ 67,7 milhões em propinas da JBS e causou prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais em dois anos.
Em depoimento de cinco horas à PF, Polaco recuou da proposta de fazer delação e confessou que cobrava propina em troca de incentivos fiscais. A revelação teria sido feita pelo seu advogado, José Roberto Rodrigues da Rosa, ao Campo Grande News e à TV Morena.
Apesar de ter recebido a propina, o corretor teria garantido que o governador nem outra autoridade tinha conhecimento do ato ilegal. É uma versão, no mínimo, curiosa: empresários aceitaram pagar a propina, mas não receberam nenhum benefício em troca. O Jacaré tentou falar com Rosa desde ontem à noite, mas ele não atendeu nem retornou às ligações.
Reinaldo chama testemunha de picareta e de ser ligado ao PCC
O governador Reinaldo Azambuja tentou desqualificar o aposentado Luiz Carlos Vareiro, que acusou seu filho de planejar a morte de Polaco para evitar a delação premiada. Ele acusou o acuso de ser “picareta” e ligado ao PCC, facção criminosa que controla os presídios.
Ele também acusou o promotor Marcos Alex de espalhar essa falácia. “Ele vazava para a imprensa”, insinuou.
O tucano informou que o filho representou contra o promotor no Conselho Nacional do Ministério Público. “Ele arquitetou essa falácia”, acusou. Reinaldo ainda disse que Marcos Alex chamou os envolvidos para pressioná-los a envolver seu filho na denúncia.
“Ele chegou a chamar esses picaretas no cafezinho para pressionar para acusar o filho do governador”, afirmou, em entrevista ao programa O Povo na TV, do SBT MS.
O MPE investigou a denúncia contra o promotor, mas arquivou por falta de provas e não ter visto ilegalidade na conduta do promotor.
fonte: Ojacare