A operação “Cartas Compradas”, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), órgão do Ministério Público, prendeu um instrutor e suspendeu cinco examinadores do sistema digital do DetranSP nesta quarta-feira (26), na região de Araçatuba.
A ação teve apoio da Polícia Militar e foi realizada em Araçatuba, Birigui, Pereira Barreto, Penápolis e Piacatu.
A investigação começou depois que a Promotoria recebeu denúncia informando sobre a aprovação nas provas práticas para conseguir a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em troca de dinheiro.
“O valor está variando por instrutores e examinadores. Estava em torno de R$600, R$1 mil à R$1.200 por CNH. A gente tem valores diferentes”, diz a promotora do Gaeco, Flávia de Lima e Marques.
Segundo ela, vários celulares foram apreendidos e a maioria deles possuem mais de um chip. Em alguns casos, os alunos compareciam às aulas práticas apenas para assinar a presença, nem entravam no carro e já iam embora.
A Promotora informou, ainda, que o número de pessoas envolvidas está sendo investigado, porém, a princípio, são seis participantes do grupo criminoso.
O instrutor que teve a prisão preventiva decretada deve ser indiciado por corrupção ativa, já que ele oferecia a aprovação para os alunos.
“A face do cliente mostrava se era mais ou menos [cobrado pelos criminosos]. Teve até parcelamento da propina, chegava em até três pagamentos”, conta o promotor criminal Flávio Hernandez José.
A operação resultou na suspensão de cinco examinadores do sistema digital do DetranSP.
A Promotoria relatou, também, que todos os alunos que subornaram os instrutores e examinadores vão responder pelo crime de corrupção ativa, além de perder o direito de dirigir. Mais de 20 pessoas seriam ouvidas.
As autoescolas não estão sendo investigadas, segundo o MP, porque o processo com elas era feito de forma legal, com controle de biometria. O suborno acontecia no momento do exame final.
*Texto sob orientação de Kaio Esteves