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​Examinadores e instrutores de autoescola cobravam até R$ 1,2 mil por CNH, diz Gaeco de Araçatuba

Sábado, 29 Setembro 2018 00:32

Operação desencadeada nesta quarta-feira (26) prendeu instrutor

 

A operação “Cartas Compradas”, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), órgão do Ministério Público, prendeu um instrutor e suspendeu cinco examinadores do sistema digital do DetranSP nesta quarta-feira (26), na região de Araçatuba.

A ação teve apoio da Polícia Militar e foi realizada em Araçatuba, Birigui, Pereira Barreto, Penápolis e Piacatu.

​A investigação começou depois que a Promotoria recebeu denúncia informando sobre a aprovação nas provas práticas para conseguir a CNH (Carteira Nacional de Habilitação)​ em troca de dinheiro.​

​​“O valor está variando por instrutores e examinadores. Estava em torno de R$600, R$1 mil à R$1.200 por CNH. A gente tem valores diferentes”, diz a promotora do Gaeco​, ​Flávia de Lima e Marques​.​​

​Segundo​ ela​​, vários celulares foram apreendidos e a maioria deles possuem mais de um chip.​ ​​​Em alguns casos​,​ os alunos compareciam​ às aulas práticas​ apenas para assinar a presença, nem entravam no carro e já iam embora.

A Promotora ​informou, ainda, que o número de pessoas envolvidas está sendo investigado, porém​,​ a princípio​,​ são seis ​participantes do grupo criminoso.

O instrutor que teve a prisão preventiva decretada deve ser indiciado por corrupção ativa, já que ele oferecia a aprovação para os alunos.

“A face do cliente mostrava se era mais ou menos [cobrado pelos criminosos]. Teve até parcelamento da propina, chegava em até três pagamentos”, conta o promotor criminal Flávio Hernandez José.

A operação resultou na suspensão de cinco examinadores do sistema digital do DetranSP.

A ​Promotoria ​relatou, também, ​que todos os alunos que subornaram os instrutores e examinadores vão responder pelo crime de corrupção ativa, além de perder o direito de dirigir.​ Mais de 20 pessoas seriam ouvidas.​

As autoescolas não estão sendo investigadas, segundo o MP, porque o processo com elas era feito de forma legal, com controle de biometria. O suborno acontecia no momento do exame final.

*Texto sob orientação de Kaio Esteves