O ônibus para atendimento itinerante de saúde, apreendido pela Polícia Civil de Araçatuba (SP) durante a Operação Raio-X, em 2020, e cedido à Prefeitura de Birigui pela Justiça no início de 2021, para ser utilizado no atendimento à população, está parado no pátio do município, junto com outros veículos da frota municipal em desuso.
Uma foto dele foi anexada no decreto de situação emergencial na logística de transporte de pacientes, publicado pela nova administração municipal na sexta-feira (3). A medida foi adotada justamente por não haver veículos disponíveis pela Secretaria Municipal de Saúde para transporte de pacientes que precisam de atendimento em outros municípios.
O ônibus e uma carreta, ambos com equipamentos de saúde instalados, avaliados em mais de R$ 1 milhão na época da apreensão, foram cedidos à Prefeitura a pedido da própria Polícia Civil de Araçatuba. Como estavam parados, o objetivo era que fossem utilizados no atendimento à população de Birigui, que vivia uma crise na área da saúde.
Com relação à carreta, a Prefeitura argumentou que ela apresentava avarias que inviabilizavam sua utilização e estudava a viabilidade de recuperação do veículo. Não há informações sobre em quais condições ela se encontra atualmente.
Ônibus
A última informação divulgada pela administração anterior a respeito deste ônibus, foi da utilização dele em novembro de 2022, em uma etapa do programa Saúde Rural, realizada no bairro rural dos Baixotes.
Na ocasião foi informado que foram realizadas 32 consultas médicas, 14 pedidos de mamografia, 25 testes de glicemia, 25 testes rápidos para sífilis, 30 aferições de pressão arterial, colhidos nove exames preventivos ao câncer de colo de útero e aplicadas oito vacinas, totalizando 143 atendimentos.
Ainda na ocasião, a Prefeitura informou que este ônibus vinha sendo utilizado desde o início daquele ano em diversas ações de promoção de saúde, incluindo a coleta de exames preventivos da Saúde da Mulher.
Apreensão
Os veículos repassados à Prefeitura foram alvo de busca e apreensão expedidos pela Justiça na Operação Raio-X, deflagrada em 29 de setembro de 2020. Eles não foram localizados durante o cumprimento dos mandados, mas no dia 13 de outubro seguinte, a Polícia Militar recebeu denúncia de que eles estariam em uma chácara no município de Brejo Alegre, onde os dois foram encontrados.
O ônibus tem placas Birigui e descrição "Unidade Móvel Saúde da Mulher", enquanto a carreta tem placas de Fernandópolis e a descrição "Saúde em Movimento - Mais perto de você".
Segundo o que foi apurado na época, o ônibus pertencia à Clínica Gestão de Saúde Birigui Ltda, registrada em nome de Daniela Araújo Garcia, esposa do médico anestesista Cleudson Garcia Montali.
Ele foi preso na operação e condenado, acusado de ser líder de um esquema de desvio de dinheiro público da área da Saúde por meio de contratos com OSSs (Organizações Sociais de Saúde). A investigação apontou que o próprio Cleudson teria figurado como coproprietário da empresa, mas o nome dele foi excluído do contrato social na Junta Comercial.
Já a carreta estava registrada em nome de uma empresa de serviços de saúde do trabalho, com sede em Fernandópolis, que não estaria entre as investigadas na operação.
Providências
A reportagem pediu informações para a assessoria de imprensa da Prefeitura de Birigui sobre quais providências devem ser tomadas com relação ao ônibus e qual foi o destino dado à carreta com os equipamentos e aguarda resposta.