ANDRADINA – O jovem João Carlos de Jesus Junior, o “Juninho” de 23 anos, recentemente formado em Engenharia Civil (tyurma 2023), morador no bairro Santo Antônio, tirou a própria vida ao cometer suicídio por enforcamento no início da noite de quinta-feira (19), na casa em que morava com a mãe. Ainda foram tentadas manobras de ressuscitação e aplicação de injeção de adrenalina, porém, sem sucesso. Seu corpo foi sepultado no cemitério São Sebastião.
Ao que tudo indica, a depressão foi a causadora do ato extremo e teria sido um amigo e vizinho que primeiro percebeu que algo estava errado. Ao entrar na casa, ele deparou com a cena dantesca.
Sua mãe havia saído por cerca de uma hora, onde havia ido buscar um neto e ao voltar foi avisada do que havia acontecido e entrou em desespero.
O Corpo de Bombeiros foi acionado, providenciou massagem cardíaca e o removeu para a UPA – Unidade de Pronto Atendimento, onde, por aproximadamente meia hora foram feitos esforços médicos em tentativa de reanimação, mas sem êxito.
BOM MENINO
A reportagem conseguiu falar com um tio da vítima, um policial militar da reserva (aposentado), que informou que o rapaz era um bom menino, sempre havia dado orgulho para sua mãe, inclusive tem ocurso superior de engenharia. Segundo o PM, ele tinha seu próprio veículo e um bom salário, por isso ficou sem entender a atitude estrema dele.
FIRB LAMENTA O FATO
As FIRB – Faculdades Integradas Rui Barbosa, em Andradina, postou em suas redes sociais uma nota de pesar pelo falecimento de seu ex-aluno de Engenharia Civil, da turma de formandos 2023.
Confira:
Perdemos no 19 de setembro, nosso ex-aluno do curso de Engenharia Civil, João Carlos de Jesus Junior, recém formado em 2023. Desejamos nossos sentimentos à toda a família e amigos.
Em nome das FIRB, coordenação e formandos 2023 de Engenharia Civil.
SEGUNDO SUCÍDIO NA SEMANA
Esse foi o segundo caso de suicídio em Andradina em apenas 3 dias. O outro foi do oficial de justiça, Antônio Correa de Paula, de 68 anos, cometeu suicídio na manhã de terça-feira (17), dentro de seu veículo estacionado no pátio do fórum da Comarca de Andradina.
SINAL VERMELHO
Os dois casos chocaram Andradina e acendeu o alerta vermelho das autoridades de saúde mental da cidade, já que as duas pessoas eram bem quistas no município e, até antes da depressão, eram pessoas que gozavam de prestígio e eram bem queridas por todos.
ALERTA LIGADO
“Os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos”.
O suicídio pode ser impulsionado ainda por eventos registrados ao longo da vida e capazes de gerar tensão, como a perda de meios de subsistência, pressões no trabalho, rompimentos de relacionamentos e discriminação. “A meta é dedicar maior atenção ao problema, reduzir o estigma e aumentar a consciência de organizações, governos e o público ressaltando que os suicídios são evitáveis”.
Setembro Amarelo
No Brasil, uma das principais campanhas de combate ao estigma na temática da saúde mental é o Setembro Amarelo que, este ano, tem como lema Se precisar, peça ajuda.
Definido por diversas autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, o suicídio, no Brasil, responde por cerca de 14 mil registros todos os anos. Isso significa que, a cada dia, em média, 38 pessoas tiram a própria vida.
Na avaliação de Héder Bello, psicólogo e especialista em Trauma e Urgências Subjetivas, transtornos mentais representam fatores de vulnerabilidade em meio à temática do suicídio – mas não são os únicos.
Ele cita ainda uma pessoa ser LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer), estar em situação de precariedade financeira ou social, ser refugiado político ou enfrentar ameaças, abuso ou violência. “Esses e outros fatores contribuem para processos de ideação (fase criativa) ou até de tentativa de suicídio”.
“Políticas públicas que possam, de alguma maneira, falar sobre esse assunto, sem tabu, são importantes. Instrumentos nas áreas de educação e saúde também podem ser amplamente divulgados – justamente para que a gente possa mostrar que existem possibilidades e recursos amplos para lidar com determinadas situações que são realmente muito estressantes e de muita vulnerabilidade.”
Abordagem
O psicólogo detalha ainda como abordar uma pessoa que pensa em tirar a própria vida. “Não é questionar a pessoa sobre o motivo daquilo ou dizer que ela tem que valorizar a vida, mas ouvir essa pessoa atentamente, tentar entender o ponto de vista dela e quais são os motivos que fizeram com que ela não conseguisse lidar de outras maneiras com a situação que está passando.”
“Isso nem sempre é fácil e, muitas vezes, nem profissionais da área da saúde e da saúde mental têm um treinamento mais extenso para lidar com essa questão de ideação suicida ou com as tentativas de suicídio”, concluiu.
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio para quem precisa conversar. O atendimento está disponível 24 horas por dia pelo telefone 188. (com sites especializados)
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