Ao mesmo tempo, afirmou Derrite, a SSP afastou também o delegado Carlos Henrique Cotait do cargo de delegado divisionário, responsável por comandar outras delegacias, e o mandou para exercer trabalhos internos na corporação.
O secretário ressaltou que a isso não é exatamente uma punição a Cotait, mas uma medida para garantir a lisura das investigações. "Vamos fazer aqui pela capital para garantir que não haverá interferência de ninguém no procedimento", ressaltou.
Derrite disse também que não importa se Patrick César da Silva Brito é ou não criminoso - segundo ele, o hacker será ouvido pela Corregedoria para comprovar eventuais desvios de conduta de agentes com os quais tenha se aliado.
Daí a mudança de tom: há três semanas, por exemplo, o secretário deu informações vagas à imprensa sobre o caso e sugeriu que veículos de comunicação estavam dando palco para um criminoso confesso.
A decisão de Derrite pela centralização das investigações veio a partir de um ofício encaminhado ao titular da pasta pelo vereador Eduardo Borgo (Novo). O parlamentar elenca uma série de dúvidas sobre a condução das apurações em Araçatuba, onde Cotait exerce forte influência. Entre os questionamentos está a investida do delegado contra profissionais de imprensa.
"O jornalista Allan de Abreu, da revista Piauí [autor da reportagem 'O hacker e o delegado', contando sobre o conluio entre Patrick Brito, o hacker, e a Polícia Civil de Araçatuba], foi incluído em um dos inquéritos, assim como os advogados de Patrick e o jornalista André Fleury Moraes, do Jornal da Cidade de Bauru. Isso lhe parece normal?", indagou Borgo no documento.
A declaração de Derrite sobre garantir a lisura no procedimento ocorre na esteira do controverso relatório que culminou no arquivamento do inquérito que apura participação do policial civil Felipe Garcia Pimenta, meio-irmão do cunhado da prefeita Suéllen Rosim, Walmir Henrique Vitorelli, no âmbito do episódio sobre a contratação de Patrick Brito para monitorar desafetos do governo municipal.
O relatório da Polícia Civil disse que não foram encontrados elementos que apontassem para a participação de Pimenta, que teria mantido contato e auxiliado o hacker Patrick César da Silva Brito, posteriormente preso na Sérvia pela Interpol justamente por atividades envolvendo hackeamentos.
O problema é que o documento afirmou que não foram encontradas mensagens entre Patrick e Pimenta nos aparelhos eletrônicos que foram apreendidos - mas o programa utilizado para extrair os dados não consegue recuperar mensagens apagadas.