Região de Araçatuba ganha destaque com 2 novas usinas de ‘etanol verde’ em Andradina e Valparaíso
Quinta, 15 Fevereiro 2024 13:27
O Hojemais Araçatuba recebeu a visita de equipe da Raízen para falar sobre o setor de Bionergia (Foto: Lázaro Jr./Hojemais Araçatuba)
Região volta a ter destaque com recuperação do setor de bioenergia
Raízen vai preparar mão-de-obra para atuar nas duas unidades produtoras de etanol de segunda geração que estão sendo construídas em Andradina e Valparaíso; a primeira entra em operação já no segundo semestre de 2024
O mercado novamente volta os olhos para a região de Araçatuba, que durante muitos anos foi destaque no setor sucroalcooleiro. O cenário favorável foi um dos destaques do 16º Congresso Nacional da Bioenergia, promovido pela Udop no início deste mês e que reuniu mais de 1,7 mil profissionais de usinas de todo o Brasil e da Argentina no campus da Unip.
O momento é tão promissor, que durante o evento a entidade anunciou o retorno de duas importantes premiações que ocorrerão já durante o 6º Seminário Udop de Inovações, a ser realizado nos dias 22 e 23 de novembro.
Um deles será a 3ª edição do Prêmio Udop/Embrapa de Boas Práticas Ambientais e o outro, o Prêmio CanaSauro e BabyCanaSauro, que voltará a premiar os maiores nomes do setor sucroenergético.
Ainda durante o 16º Congresso Nacional de Bionergia, o Hojemais Araçatub a recebeu a visita do superintendente de polo das áreas agrícola e industrial das três unidades da Raízen na regional de Araçatuba, Wellington Sacco Altran. Ele estava acompanhado da coordenadora de Comunicação Corporativa da Raízen, Amanda Morais, e da analista de Comunicação Corporativa, Raquel Soares.
Em visita à redação do Hojemais Araçatuba Altran comentou que o cenário atual é bastante positivo para o setor, o que se confirma com o retorno das operações por parte de várias usinas que tiveram que interromper as atividades em função das dificuldades pelo setor nos últimos anos.
“Estamos vivendo um ano atípico. Depois de três anos de seca, os canaviais estão com produtividade acima da expectativa, tanto para o açúcar como para o etanol. É um ano que a gente tem matéria-prima e tem preço, e isso favorece investimentos, favorece ampliar e investir forte no setor”, informou.
O superintendente comentou que o setor tem visto com bons olhos o atual cenário, que aponta para o investimento em energia limpa, inclusive pelo governo do Estado, como já foi declarado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é uma vantagem para o etanol, por ser menos poluente do que a gasolina.
Cíclico
Altran explicou que como o setor é cíclico, a maioria das unidades produtoras fazem o mix de açúcar e etanol, buscando compensar a rentabilidade de acordo com o valor de mercado das commodities.
Atualmente a produção das usinas está mais voltada para o açúcar, com melhor valor no mercado. “A margem do setor ainda é apertada, mas com bom investimento, da forma correta, e com bons canaviais, o resultado é positivo”, informou.
Riscos
A reportagem o questionou sobre os riscos de o setor voltar a sofrer, com aconteceu no final dos anos 2000, desmotivando os produtores de cana, depois de uma grande expectativa com o anúncio de vários investimentos para a região na época.
De acordo com Altran, os canaviais ainda predominam na região, onde as lavouras ajudaram a valorizar as propriedades, atraindo empresas importantes, como a própria Raízen, contribuindo para a economia dos municípios, também no ponto de vista geração de empregos e oportunidades.
Ele argumenta que o setor trabalha com uma cultura que varia de acordo com o clima e também tem variação de preço. A região possui clima seco, que é adequado para os canaviais, o que pode ser considerado mais um ponto a favor no relacionamento com o produtor e fornecedor de cana.
“O que a gente precisa é ter bons investimentos nos canaviais, para que nos anos bons a gente tenha boa produtividade e consiga surfar na onda, e nos anos ruins a gente não caia tanto e consiga continuar investindo”, argumenta.
Investimentos
O suprerintendente explica que os últimos três anos foram ruins para o setor de bionergia, devido a secas e geadas. Mas apesar de não ser possível controlar o clima, isso pode ser feito com outros fatores da produção, por meio do investimento nas lavouras. “Hoje existe boa técnica e a Raízen é atuante na área, para dar a tranquilidade aos fornecedores para os próximos anos”, diz .
Altran informa que aproximadamente 45% da cana que é moída pelas unidades da Raízen na região são adquiridas de fornecedores, que contam com apoio da empresa na preparação e manutenção dos canaviais. “A empresa tem um nome a zelar e oferece vantagens ao fornecedor”, diz.
Parceria
Esse apoio é oferecido por programas como o Jornada Cultivar, que oferece crédito rural para equipamentos, insumos, capacitação e prestação de serviços, como topografia, a preços abaixo do mercado. Por meio do programa, o fornecedor também tem acesso a consultoria agronômica e capacitação para sucessores, criando novas gerações de produtores de canaviais.
De acordo com Altran, ainda pensando no fornecedor, a Raízen desenvolve o programa Elos, voltado à sustentabilidade da cadeia produtiva do setor, oferecendo apoio aos fornecedores para a manutenção da qualidade dos canaviais.
Produção
Atualmente o Estado de São Paulo mói cerca de 80 milhões de toneladas de cana por safra, sendo que a região de Araçatuba e Andradina é responsável por 10,7 milhões de toneladas, o que representa cerca de 13% do total de moagem da Raízen.
No Estado, as principais regiões produtoras são Ribeirão Preto, Piracicaba, Jaú e a região de Araçatuba, onde o setor representa uma das principais atividades econômicas.
No Brasil, o setor moeu 610 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra passada, com com centro sul do País sendo responsável por 550 milhões de toneladas. Assim, a região de Araçatuba representou de 2% a 3% do total da cana moída.
Região de Araçatuba ganha destaque com 2 novas usinas de ‘etanol verde’
A região de Araçatuba (SP) voltou a chamar a atenção do setor de bioenergia com a construção de duas novas usinas para a produção de etanol de segunda geração (E2G), também conhecido como “etanol verde” ou “bioetanol”.
O mais interessante é que para que essas novas usinas entrem em operação, não será necessário a ampliação de canaviais, já que elas utilizarão como matéria-prima, o bagaço gerado pela produção de álcool e de açúcar pelas indústrias já existentes.
Os investimentos são feitos pela Raízen, uma das maiores produtoras de derivados da cana-de-açúcar do mundo, que desde a safra 2014-2015 produz etanol de segunda geração no Parque de Bioenergia da Costa Pinto, em Piracicaba (SP).
Em Araçatuba, a Raízen opera cinco usinas produtoras de açúcar e etanol de primeira geração: a Destivale, Araçatuba; a Benalco, em Bento de Abreu; a Univalem, em Valparaíso; a Mundial, em Mirandópolis; e a Gasa, em Andradina.
Segunda geração
O superintendente de polo das áreas agrícola e industrial das três unidades da regional da Raízen de Araçatuba, Wellington Sacco Altran, também falou do etanol de segunda geração durante visita ao Hojemais Araçatuba “A Raízen desenvolveu essa tecnologia, que possibilita aumentar em até 50% a produção de álcool com a mesma área de canavial, aproveitando o bagaço da cana”, informou
Uma das plantas de etanol de segunda geração da Raízen está sendo construída no Parque de Bioenergia Univalem, em Valparaíso, com previsão de entrar em funcionamento no segundo semestre de 2024.
Com investimento superior a R$ 1 bilhão, ela terá capacidade de produção de 82 mil m³ de E2G por ano. Segundo Altran, atualmente há cerca de 500 pessoas trabalhando atualmente na construção, número que deve chegar a 1.600 pessoas atuando diretamente na obra.
A outra unidade em construção fica em Andradina, no Parque de Bioenergia da Gasa. Esta ainda está na fase inicial, que inclui as etapas de demarcação da área de construção e terraplanagem. A previsão é de que o início das operações ocorra em até 24 meses, ou seja, em 2025.
Bagaço
Altran explicou que o bagaço gerado da moagem da cana para a produção de açúcar e do etanol de primeira geração é utilizado como combustível para a geração de energia que toca as usinas existentes. O que sobra é vendido.
Para atender a demanda das novas plantas para a produção de etanol de segunda geração, de acordo com ele, há a possibilidade de aumentar a eficiência energética das indústrias já em operação, reduzindo o consumo do bagaço, aumentando a sobra.
Além disso, a Raízen está implementando a utilização da palha da cana, que hoje é deixada no canavial após a colheita, para servir de combustível para as caldeiras na geração de vapor, aumentando ainda mais o excedente de bagaço.
Com uma tonelada de cana é possível produzir de 80 a 90 litros de etanol de primeira geração, dependendo da quantidade de açúcar obtida com a matéria-prima. Isso gera cerca de 300 quilos de bagaço, que tem potencial para fazer cerca de 130 litros de etanol de segunda geração por tonelada. “Ou seja, dá para produzir de 40 mil a 45 litros de etanol a partir do bagaço”, explicou.
Etanol verde
Outra vantagem do etanol de segunda geração é que ele consegue ser ainda mais eficiente na questão ambiental do que o de primeira geração, que é produzido a partir da moagem da cana, pois emite 30% menos de carbono na atmosfera. Quando comparado à gasolina, essa redução é de até 80%.
“O processo do etanol de primeira geração é oito vezes menos emissor de gás carbônico do que a gasolina. Como está muito favorável a questão ambiental e de sustentabilidade para o setor, a região de Araçatuba vem forte”, afirmou.
Altran comentou ainda que as unidades da Raízen na região também fabricam um outro tipo de álcool que é voltado para o mercado externo, principalmente para países asiáticos, com maior valor agregado. De acordo com ele, parte desse produto é convertido e retorna ao Brasil para ser usado na produção de saquê.
Raízen investe na capacitação de mão de obra com aumento da demanda
Com o setor de bioenergia retomando o crescimento e o mercado aquecido, o superintendente de polo das áreas agrícola e industrial das unidades da Raízen na região de Araçatuba, Wellington Sacco Altran, informa que a companhia já está encontrando dificuldade para encontrar de mão de obra.
De acordo com ele, hoje há vagas disponíveis para todas áreas, seja para profissionais experientes como para iniciantes, que serão capacitados. Ele comenta que somente nas três unidades da regional de Araçatuba a Raízen conta com aproximadamente dois mil trabalhadores diretos, além dos indiretos, que incluem os profissionais terceirizados que fazem o transporte de cana dos canaviais para a indústria.
Devido ao aumento da demanda, atualmente a Raízen tem aproximadamente 40 vagas abertas na região de Araçatuba para atuar nas unidades locais. Essas vagas são para a área automotiva, agrícola e indústria, para atuação como mecânico, eletricista, operadores de máquinas, instrumentistas.
Há ainda vagas para operadores de produção de etanol e de açúcar e vagas de gestão. Os interessados podem se candidatar enviando e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Novas plantas
Com a construção de duas novas plantas na região para produção de etanol de segunda geração, a previsão é de que para o próximo ano a demanda por mão de obra será ainda maior. Já pensando em preencher essas vagas, a Raízen, em parceria com o Senai, deve abrir em janeiro, uma turma com 40 vagas em já visando a capacitação de profissionais para atuarem na produção do etanol de segunda geração.
“O curso é para contratação e treinamento, principalmente para formação de operadores da planta de etanol de segunda geração. É uma novidade no mundo e a região está sendo uma das pioneiras, com a Raízen ajudando a desenvolver pessoas”, comenta.
Ainda de acordo com ele, para o final de março e começo de abril de 2024, pelo menos outras 100 pessoas devem ser contratadas para atuar no início das operações, previsto para acontecer no segundo semestre de 2024.
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