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DEIC de Araçatuba: Vinte e uma pessoas são investigadas por suspeita de desvio milionário na Funepe

Sábado, 13 Janeiro 2024 18:41
A Polícia Civil concedeu entrevista coletiva para falar sobre a operação (Foto: Lázaro Jr.)
 
 

Teriam sido desviados mais de R$ 35 milhões entre 2019 e 2022; suposto líder foi preso e foram apreendidos R$ 70 mil em dinheiro

A Polícia Civil de Araçatuba (SP) informou em entrevista coletiva nesta terça-feira (19), que 21 pessoas são investigadas na Operação Reglus, que apura possível desvio de mais de R$ 35 milhões da Funepe (Fundação Educacional de Penápolis), no período de 2019 a 2022.

Segundo o que foi informado, a operação de hoje teve como principal objetivo arrecadar materiais que podem comprovar os crimes que vem sendo investigados há cerca de um ano. Durante as buscas foram apreendidos oito veículos, R$ 70 mil em dinheiro, 31 celulares, vários computadores, notebooks, pen drives e documentos que serão encaminhados para perícia. 

Ao todo, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão e um em Araçatuba. Um dos investigados, que seria o suposto líder do esquema, foi preso temporariamente por 5 dias em Penápolis e deve ser ouvido na quarta-feira (20). 

Como o caso segue em segredo de Justiça, não foram divulgados detalhes da investigação, principalmente os nomes dos envolvidos. O que foi apurado pela reportagem é que o alvo dos mandados de busca em Araçatuba seria um advogado, que seria o presidente da Fundação no período em que ocorreram as supostas fraudes.

Rancho

O representante do Ministério Público informou durante a coletiva que a investigação teve início a partir de denúncia feita no final do ano passado, por pessoa que vendeu um rancho a um integrante da diretoria da Funepe e informou que o imóvel teria sido pago com o dinheiro da faculdade. “A partir dessa informação que nós encaminhamos o material para a Polícia Civil e houve o início da investigação”, explicou.

Durante a coletiva, o delegado José Abonízio, da DIG/Deic (Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada de Investigações Criminais), informou que foram encontrados indícios de pelo menos dez condutas irregulares, entre desvios de dinheiro, superfaturamento de serviços e obras e troca de mensalidades por bens para os investigados.

Também são investigados empréstimos de valores para a faculdade que não seriam pagos e até mesmo o aluguel da cantina não era pago para a instituição, assim como a renda da horta do curso de agronomia não ficaria com a Funepe.  “São vários modos operandis, várias condutas dos investigados que a gente precisa aprofundar para poder fazer a atribuição de responsabilidades e logo depois fornecer elementos para o Ministério Público fazer a denúncia ou não" , informou Abonízio.

Início

Devido ao segredo de Justiça, a polícia não pode dar detalhes sobre a pessoa que foi presa durante a operação. O que foi informado é que ele fazia parte da antiga diretoria da Funepe, onde possuía um cargo. “A gente ainda está tentando entender a participação dele como um todo. A gente entende que ele pode ser o líder, mas ainda há outras pessoas que estão compondo, ainda estamos fechando o organograma dessa situação”, explicou.

De acordo com o delegado, com o que foi apurado até agora, não foi encontrado indício de participação de agente público no suposto esquema criminoso, apesar de não ser descartada essa possibilidade. “Apesar de a instituição ser uma fundação pública, portanto ligada ao município, ela é de direito privado, e necessariamente ela se mantém através de recursos privados”, comentou.

Ainda segundo Abonízio, a principal fonte de renda é a faculdade de Medicina, que foi inaugurada no final de junho de 2018, com a presença do então governador do Estado, Márcio França (PSB). Entretanto, a polícia informa que outros cursos também teriam sido usados para os desvios de dinheiro. “Não dá pra dizer que foi a faculdade de medicina, pois já haviam outros cursos com suspeita de irregularidade, mas a faculdade de medicina é a mais rentável”, informou. 

Investigação

Ainda de acordo com a polícia, a atual diretoria da Funepe, presidida por Alexandre Gil de Mello, vem colaborando com as investigações. O que foi informado é que o que foi apurado até agora, são por meio de documentos e testemunhos, além de outros elementos cautelares que não podem ser revelados.

E essa ação de hoje, segundo o delegado Fábio Neri Pistori, que participou da coletiva, foi apenas o pontapé inicial da operação, para nesse primeiro momento obter documentos e informações por meio da perícia nos celulares e eletrônicos apreendidos, que poderão confirmar as provas para dar sequência aos procedimentos e que pode até revelar outros possíveis envolvidos.

Inicialmente são apurados os crimes de organização criminosa, fraude processual, falsidade ideológica, lavagem de capitais e coação no curso do processo. 

 
 
FONTE: HOJE MAIS