É humilhante para os prefeitos pedirem verba a deputados de fora, diz Sodario em Mirandópolis

Quinta, 14 Abril 2022 20:51

É humilhante para os prefeitos pedirem verba a deputados de fora, diz Sodario

ENTREVISTA Everton Sodario pretende ser candidato a deputado estadual pelo Patriotas e afirma que pretende representar as prefeituras na busca por verbas

O ex-prefeito de Mirandópolis, Everton Sodario Raimundo, pretende ser candidato a deputado estadual pelo Patriotas. Em entrevista à Folha da Região , ele defende que a região precisa de ter um representante na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) para garantir, entre outras coisas, parte do orçamento do Estado para obras e custeios. “É constrangedor para um prefeito, ou vereador, ir de porta em porta de deputados pedindo apoio e principalmente emendas, para, vez ou outra, conseguir R$ 50 mil aqui, R$ 100 mil ali”, afirma ele.

Advogado e o mais jovem da história, eleito aos 26 anos, Sodario afirma que sua experiência na gestão pública ajudou em seu amadurecimento. Mesmo reforçando seu apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro e crítico do ex-governador João Doria, ele afirmou que, se eleito, irá atender a prefeitos e vereadores de todos os partidos.

Leia a entrevista:

O senhor deixou a Prefeitura para concorrer a deputado. Qual foi sua motivação?

Assumi a prefeitura bem jovem, até o final de 2020 era o prefeito mais novo de todo o Estado. Fui eleito em 2019, numa eleição suplementar e reeleito em 2020 para um segundo mandato. Nunca foi segredo que sempre almejei chegar à Assembleia Legislativa. Nos últimos dois anos sempre figurei entre os três prefeitos da região com a melhor avaliação.

A política é feita de oportunidades e momentos! Achei que era a hora de aproveitar um momento como esse, em que tenho uma excelente avaliação dentro do meu município, e também a visibilidade que acabei tendo de forma involuntária, pela minha postura firme contra decisões do governo estadual durante a pandemia, diferente da absoluta maioria dos prefeitos tradicionais. Tudo isso colocou meu nome como uma boa oportunidade especialmente no cenário regional para chegar a Assembleia.

A Prefeitura foi sua primeira experiência em ocupar um cargo eletivo. Como avalia esta experiência?

Cheguei à Prefeitura com 26 anos. Menos de 5 meses depois, me tornei o primeiro prefeito da história da minha cidade a enfrentar uma pandemia. Assumi um município endividado, sem credibilidade, com obras paradas, prefeitura interditada, enfim, tudo isso me obrigou a aprender ser prefeito. Entreguei ao meu vice-prefeito uma cidade com muito dinheiro em caixa, contas pagas, obras prontas e outras em andamento, taxas recordes em geração de emprego.

Enfim, hoje enfrento o páreo estadual com muito mais experiência que em 2018. Mais estrutura. E acima de tudo, senti na pele o quanto falta para nossa região ter um representante de fato lá na Assembleia em SP.

É constrangedor para um prefeito, ou vereador, ir de porta em porta de deputados pedindo apoio e principalmente emendas, para, vez ou outra, conseguir R$ 50 mil aqui, R$ 100 mil ali, nada muito mais que isso. Essa realidade tem que mudar. Temos condição de eleger um deputado e precisamos fazê-lo.

Teve algum momento que marcou mais o senhor neste período como prefeito?

O momento mais difícil como prefeito foi quando tive minha conta e cartão bloqueados e recebi R$ 40 mil de multa por fazer a coisa certa. Me marcou muito ouvir as pessoas em Mirandópolis indo até mim e dizendo que precisavam trabalhar, pedindo que eu fizesse alguma coisa por eles.

E todas as vezes que fiz, fui sancionado diretamente pelo MP (Ministério Público) e Judiciário a mando do governo estadual. Ser prefeito em uma pandemia marca muito a gente. Nunca vou esquecer das vezes que recebi ligações de membros do governo estadual e recomendações administrativas do ministério público determinando o fechamento da cidade, a proibição das pessoas trabalharem, isso tudo sem apresentarem nenhuma solução de sobrevivência para essas pessoas. Ver tanto autoritarismo praticado pelas instituições que deveriam defender os cidadãos marca muito a gente.

O que o senhor acredita que poderá colaborar como deputado, se eleito?

Serei da base do governador Tarcísio (Tarcísio de Freitas, pré-candidato a governador pelo Republicanos). Meu nome tem boas chances de fato de chegar à Assembleia. Devo ter votos no Estado todo, agora especialmente por ser da região, posso devolver para os nossos 43 municípios a chance de ter um representante em São Paulo.

Veja o quanto erramos na eleição para deputado estadual em 2018. Dividimos muitos votos para candidatos locais que sabíamos não ter chances de vencer a eleição, e quando não, votamos em candidatos de fora da região que nesses três anos sequer pisaram por aqui.

É isso que queremos fazer de novo? Coloquei meu nome à disposição porque analisei o cenário e vi que tenhas chances reais de chegar à Alesp. Cabe agora as pessoas entenderem a importância de ter um dos nossos lá.

Sua experiência como prefeito o ajudaria em um possível mandado na Alesp?

Sem dúvida! Estar prefeito me trouxe uma visão ímpar das dificuldades de um município, como falta de orçamento, burocracias que travam vários processos, arrecadação comprometida que o município tem, e o descaso do governo estadual com o funcionalismo. Como pode um estado como o nosso ficar tanto tempo refém nas mãos da máfia chamada PSDB?! Aqui, o prefeito que não dança conforme a música deles é jogado para o final da fila. Não podemos continuar conformados com isso.

Como deputado, o senhor poderá ser procurado por prefeitos de outras legendas e ideologias. O senhor os atenderia?

Chegando à Assembleia serei o deputado de todas as cidades e todos os prefeitos. Por diversas vezes, inclusive quando prefeito, tive divergências de outros colegas, mas não será isso que me fará deixar de lado algum município.

Não quero me tornar igual ao pseudo-deputado que a nossa região teve nos últimos anos. Não vou citar o nome dele, mas é só fazer um raio-x da sua atuação que vamos perceber que ele só atua em umas dez cidades da região, para, de quatro em quatro, anos garantir sua reeleição com os votos dessas cidades. Não dá para a gente continuar assim. Será mesmo que na nossa região só um cidadão como esse tem condição de chegar à assembleia? Tenho certeza que não.

De que forma o senhor avalia hoje as chances de reeleição do presidente Jair Bolsonaro? Continua sendo um defensor da gestão dele?

Bolsonaro tem meu total apoio, não existe um governo perfeito, mas é só colocar na balança o que esse governo fez e o que era feito antes dele. O Brasil mudou, mesmo com uma pandemia obras paradas voltaram a rodar, qualquer pequeno município da região recebeu milhões indistintamente para combater a pandemia.

O Brasil voltou a gerar emprego. A corrupção endêmica não existe mais. Paramos de mandar dinheiro do trabalhador brasileiro pra obras em Cuba, na Bolívia ou Venezuela. Enfim, Bolsonaro é o melhor do mundo? Claro que não, nem ele e nem eu. Mas quando eu comparo com as demais opções que temos. Sou Bolsonaro até o fim.

Não tenho dúvidas de que Bolsonaro será reeleito, é só sair às ruas, o homem por onde passa arrasta multidões. É o único presidente pós-constituição de 1985 que pode ir para a rua tranquilamente. Os outros só iam em locais controlados, para não levarem vaias nem serem hostilizados.

A polarização nacional deve se repetir no Estado?

O Doria conseguiu fazer um favor pra São Paulo, que foi enterrar o PSDB. Estão mortos e sabem disso. O Tarcisio já está em segundo lugar nas pesquisas, se aproximando do Haddad, lembrando que esse último foi o pior prefeito da história recente de São Paulo.

O Tarcísio está ganhando muita força no interior. A capital, que apesar de ter chutado o bonequinho do Lula da Prefeitura, ainda tem em partes um eleitorado mais à esquerda. Incrivelmente tenho recebido informações de que o Tarcisio, até na capital, está conseguindo quebrar essa barreira.

Acho que quando começar a disputa de fato, Tarcísio dá um baile no PT. Mas em resumo sim, vamos ter a mesma polarização aqui no Estado, semelhante à polarização nacional. Então, é só a gente pensar no que queremos para os próximos quatro anos. O ex-ministro da Educação que não se sabe o que fez lá até hoje, pior prefeito da história de SP nos últimos anos, tão ruim que nem conseguiu a reeleição e que tem um bandido como cabo eleitoral, ou então queremos ter no comando de São Paulo o melhor ministro da Infraestrutura da história do país, que tem o apoio de um presidente honesto e que não se omitiu em respeitar o dinheiro e a Liberdade do seu Povo?! É fácil escolher.

 

FONTE: FOLHA DA REGIÃO

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