Mais de 100 frentistas podem perder o emprego em Araçatuba com nova lei

Sábado, 18 Setembro 2021 19:42

Mais de 100 frentistas podem perder o emprego em Araçatuba com nova lei

Lei apresentada pelo deputado federal Kim Kataguiri sugere a operação parcial ou integralmente automatizada no serviço de venda de combustíveis

Mais de uma centena de vagas de frentista poderão ser extintas somente em Araçatuba se o Congresso Nacional aprovar uma emenda apresentada pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEMSP) à Medida Provisória assinada em agosto que permite a venda direta de etanol entre usinas e postos.

O parlamentar sugere se adote, em todo território nacional, a operação parcial ou integralmente automatizada no serviço de venda de combustíveis. A ideia é adotar como é o padrão nos Estados Unidos e na maioria dos países da Europa, onde o próprio motorista abastece seu veículo. A justificativa é a de baratear o preço dos combustíveis. Calcula-se que, em todo o Estado, cerca de 7 mil frentistas perderiam seus empregos de uma só vez.

A reportagem da Folha da Região ouviu alguns profissionais da área ontem. A maioria sequer sabia que esta lei estava sendo apresentada. Com medo de se identificar, por causa de possíveis represálias, os frentistas ouvidos pelo jornal disseram que é preciso fazer uma mobilização para evitar que a lei seja aprovada.

Na cidade, o salário segue a tabela do sindicato da categoria, variando de R$ 1.821,30 para o frentista diurno até R4 2.626,87 para o frentista noturno que também exerce a função de caixa. Desde 2003, todo empregado que opera bomba de combustíveis tem direito ao adicional de periculosidade, já que a atividade é perigosa e oferece risco à vida ou à integridade física, havendo risco de explosão pelo manuseio de substâncias inflamáveis.

“A gente sustenta nossa família com este trabalho. E não tem emprego sobrando ou empresas que possam dar uma vaga para a gente”, disse um dos trabalhadores ouvidos pela Folha. Eles também argumentam que a dispensa deles pode trazer riscos à segurança dos consumidores nos postos. Os frentistas são treinados, por exemplo, para evitar incêndio.

A automatização pode prejudicar, ainda, os pequenos e médios proprietários de postos que terão mais dificuldade para investir na atualização das bombas. Atualmente a Lei 9.956, aprovada em janeiro de 2000, proíbe o autoatendimento nos postos, obrigando todos os estabelecimentos a ter frentistas. A medida foi tomada para garantir a estabilidade de milhares de empregos nos postos, o que para o deputado, influencia diretamente no preço dos combustíveis.

NEGOCIAÇÃO

 O presidente da Fenepospetro (Federação Nacional dos Empregados em Postos de Combustíveis e Derivados de Petróleo), Eusébio Neto, se reuniu, nesta terçafeira (14), com o deputado e outras lideranças sindicais em Brasília para discutir o assunto. “Estamos com alto índice de desemprego e essa medida ameaça o serviço de 500 mil trabalhadores do setor”, afirma Neto.

Neto avalia que a reunião com Kataguiri foi positiva porque as entidades conseguiram expor os argumentos contra a medida. O deputado e os sindicalistas também planejam um novo encontro com empresas do setor. “Ficamos de pensar em alguma transição juntos, algo como cinco anos para os frentistas se qualificarem, e então abolir a lei”, afirma Kataguiri. (Com Agência Folha)

AUTOATENDIMENTO

Em alguns países, como Japão, Estados Unidos e outros da Europa, é muito comum encontrar bombas de combustíveis que funcionem no modelo “self-service”. Nesses lugares, os postos de combustíveis são totalmente autônomos, ou seja, é o próprio motorista quem enche o tanque do veículo. Um cartão é inserido na bomba e a cobrança é feita automaticamente.

 

 

FONTE: FOLHA DA REGIÃO

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