Conforme o jornal O LIBERAL publicou ontem, Dilador pretende criar 83 cargos efetivos na administração pública, projeto que vai contra austeridade nas contas públicas defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e que pode impedir o município de receber aporte de mais de R$ 24 milhões, já que para isso será vedado a mudança na estrutura pública que implique em aumento de despesas.
Identificados apenas pelo primeiro nome como forma de proteção aos moradores da cidade que responderam ao questionamento da reportagem, os araçatubenses reclamaram da decisão.
Arnaldo, por exemplo, afirmou que isso causará mais prejuízos aos cofres públicos. “Eu sou contra, já que a população está aí em virtude de um decreto irresponsável de um governador que não mede esforços para prejudicar o nosso presidente, eu sou contra porque isso vai onerar mais os cofres públicos e quem paga é sempre a população, e a população já não tem dinheiro”.
Marcone também opinou da mesma forma e disse que os esforços da administração neste momento devem estar no combate à pandemia. “Eu sou contra totalmente, o momento que a gente tem que se concentrar na pandemia, no covid-19, que é a questão do momento. Com isso aí vai fazer com que a folha de pagamento fique mais cheia e o povo ganhe menos com isso”.
Wagner afirmou que é desnecessária a criação de mais cargos. “Eu vejo desnecessário, não só na pandemia, fora da pandemia também, a gente vê que tem muito cabide de emprego na prefeitura, então não tem a necessidade de mais cargos não, porque lá já tem cargo até demais”.
Pedro lembrou as pessoas mais carentes para criticar a proposta do prefeito. “Não concordo não, já não tem dinheiro pra nada, como que vai acontecer esse tipo de coisa? Se não está tendo dinheiro nem pras pessoas carentes ainda vai criar mais cargos? Acho que o que está aí está bom demais”.
Luiz Carlos falou que tem funcionário sobrando no poder público. “Nós já estamos com uma arrecadação com déficit enorme, pra que criar mais cargos se tem funcionário sobrando em todos os setores? Sou totalmente contra”.
Vereadores contrários falam que proposta é “inoportuna” e lembram falta de reajuste a servidores
Dois vereadores de Araçatuba, que participarão da votação do projeto na próxima terça-feira, em sessão por videoconferência da Câmara Municipal, praticamente adiantaram seus votos e criticaram a proposta de Dilador.
Para Cido Saraiva (MDB) não tem como realizar esse tipo de contratação agora já que nem mesmo o reajuste de servidores pode ser feito. “Há notícias de que o pagamento de algumas empresas está atrasado, como a prefeitura quer aumentar os gastos nesse momento? Aliás, não concedeu nem o reajuste de inflação no salário dos servidores e quer contratar mais? Não estou entendendo essa lógica”, disse o vereador
Saraiva também lembrou do PL do governo que condiciona o não aumento da máquina pública. “Já foi aprovado pelo congresso nacional e aguarda a sanção do presidente o PL que dentre outras coisas vai liberar ajuda financeira a estados e municípios e há alguns condicionantes para receber este recurso, um deles é não aumentar despesa, que é o caso”, concluiu.
Já o vereador Lucas Zanatta (PV), acha inoportuno o momento em que Dilador deseja fazer contratações para o serviço público. “Eu acho, no mínimo, inoportuna uma proposta dessa. No momento que o país está passando, e nós não temos noção de como vai estar as contas públicas, a situação fiscal, a capacidade de cumprir o orçamento do município. Empresa falindo, desemprego batendo recordes históricos, e uma proposta do aumento do funcionalismo público é o oposto de tudo que deveria ser feito. É o momento de nós potencializarmos o que nós temos e não de aumentar os gastos. É fora totalmente da realidade e do contexto que nós vivemos hoje”, concluiu.
Líderes do comércio são contra proposta e lembram crise no setor
Alguns líderes de entidades também não concordam com a medida proposta por Dilador Borges. O presidente do Sincomércio, sindicato patronal ligado aos comerciantes de Araçatuba, falou que falta austeridade ao prefeito nesta tentativa. “Nós estamos vivendo uma época muito difícil, de muita restrição, restrição de toda ordem, e, à primeira vista dá impressão que este concurso com preenchimento desses cargos poderia esperar a crise passar. No momento a impressão não é muito boa não. O prefeito pode estar com boas intenções, mas não dá essa impressão com a criação de cargos nesse momento. Ficou muito negativa essa questão”, opinou.
Já o diretor da Associação Comercial e Industrial de Araçatuba, Nei Ferracioli, ficou negativamente surpreso com a informação. Ele espera consciência do prefeito e dos vereadores para não levarem adiante o projeto. “Eu confesso que estou surpreso e não quero acreditar que isso seja verdade. Como que pode propor 83 novos cargos no meio de uma pandemia? Onde o comércio da cidade, 80, 90% está fechado, passando por dificuldades. A cidade passando por dificuldades. Eu espero que a câmara municipal e a prefeitura tenha consciência do momento que estamos passando e que não venha aprovar esses 83 novos cargos no meio de uma pandemia. Acho que vai na contramão de tudo que está acontecendo em Araçatuba, no Estado de São Paulo e no Brasil”, discordou.
FONTE: LR1